Pedro Hallal

É epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

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Pedro Hallal

A queda de mortes por Covid-19 continua

A vacinação, mais uma vez, está salvando a humanidade de uma doença terrível

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O gráfico que acompanha a coluna de hoje é um alento para aqueles que torcem pelo fim da pandemia de Covid-19. A queda de mortes no mundo, iniciada algumas semanas atrás, parece cada vez mais sustentável. A média móvel de mortes por Covid-19 hoje é comparável com aquela das primeiras semanas da pandemia, lá por abril e maio de 2020, quando a curva estava começando a subir.

Não é a primeira, e nem será a última vez, que a vacinação está salvando a humanidade de uma doença terrível. A Covid-19 matou mais de 6,2 milhões de pessoas até hoje no mundo. Embora a doença tenha chegado a todos os países do mundo, os estragos causados por ela variaram muito de acordo com as políticas de saúde adotadas.

Imagem em close mostra as mãos de uma profissional da saúde segurando uma seringa espetada em uma ampola de vacina
Vacinação contra a Covid-19 em posto de saúde da Grande São Paulo - Léu Britto/Agência Mural

Infelizmente, o Brasil foi, desde o começo da pandemia, um dos piores países do mundo no enfrentamento da Covid-19. Só para dar uma ideia, a mortalidade por Covid-19 até hoje é de três mortes para cada 1 milhão de habitantes na China, 158 por 1 milhão na Nova Zelândia, 236 por 1 milhão no Japão, 291 por 1 milhão na Austrália, 438 por 1 milhão no Vietnã, e vergonhosas 3.104 mortes por 1 milhão no Brasil.

Entre os dez países mais populosos do mundo, o Brasil é o que tem a maior mortalidade relativa por Covid-19. Entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é o que tem a maior mortalidade relativa por Covid-19.

E mesmo dentro do Brasil, as desigualdades são marcantes. O estudo EPICOVID-19, liderado pela Universidade Federal de Pelotas, mostrou que os 20% mais pobres têm o dobro do risco de infecção por Covid-19 do que os 20% mais ricos. A mesma pesquisa mostrou que as pessoas negras (pretas e pardas) têm o dobro da chance de pegar Covid-19 em comparação aos brancos. O maior risco de Covid-19 entre os indígenas chegou a ser alvo de censura, de tão desigual que era a situação.

Muito já comentamos aqui sobre os motivos que nos fizeram ter um desempenho tão vergonhoso no enfrentamento da Covid-19. Agora é hora de olhar para frente e tomar as atitudes necessárias para que a queda observada atualmente seja mantida. A principal recomendação é que a população mantenha a vacina contra a Covid-19 em dia.

Apesar da vacinação ser um sucesso no Brasil, alguns gargalos ainda precisam ser sanados. O primeiro é a desigualdade na cobertura vacinal entre os estados da Federação. Enquanto alguns estados apresentam cobertura próxima a 90%, outros ainda patinam para ultrapassar os 50% da população imunizada. Isso precisa ser resolvido com boas campanhas de vacinação nos locais mais remotos do país.

Em segundo lugar, é necessário que as pessoas estejam em dia com as doses de reforço. Embora a cobertura das duas primeiras doses da vacina contra a Covid-19 tenha sido satisfatória, a verdade é que muita gente tem deixado de tomar as doses de reforça. Comprovadamente, para as variantes mais recentes, as doses de reforço são essenciais.

Por último, precisamos acelerar a vacinação em crianças, que ainda caminha devagar no Brasil. Depois de uma campanha ridícula de demonização da vacina nas crianças, liderada pelo próprio governo, a verdade é que o próprio Ministério da Saúde admitiu que não houve nenhuma morte de criança por efeitos adversos da vacina. Mesmo assim, alguns pais e mães seguem receosos, em função das notícias falsas divulgadas por políticos que não tem qualquer compromisso com a vida.

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