Priscilla Bacalhau

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

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Priscilla Bacalhau
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Racismo adolescente na escola

Ações precisam ser constantes e integradas para evitar casos como o da filha de Samara Felippo

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Em um país como o Brasil, atos de racismo são corriqueiros. Apesar de ninguém nascer racista, crianças e adolescentes aprendem rapidamente a reproduzir a violência racial impregnada na sociedade. Nas escolas, onde estudantes estão aprendendo a viver em sociedade, o racismo está mais presente do que gostaríamos de admitir.


Nos últimos dias, um desses casos veio à tona. A filha de 14 anos da atriz Samara Felippo sofreu um grotesco ato de racismo dentro de sua escola, em São Paulo, praticado por duas colegas de turma. O Colégio Vera Cruz, onde estudam, é um dos mais tradicionais da rede privada da cidade, frequentado pela elite paulistana. A atriz registrou queixa na polícia e pediu a expulsão das agressoras. A escola decidiu por apenas suspendê-las por tempo indeterminado.


O caso suscita a discussão sobre o que fazer em momentos assim. Como acolher a vítima? Qual deve ser a punição para as pessoas que executaram a ofensa? Qual o papel das escolas e das famílias para remediar os efeitos e evitar que atos como esse voltem a ocorrer?

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A atriz Samara Felippo - Mathilde Missioneiro/Folhapress


Obviamente, no caso específico da filha da atriz, apenas as pessoas envolvidas têm todas as informações necessárias para indicar os melhores caminhos a seguir. Mas o evento ganhou repercussão por envolver pessoas públicas, o que automaticamente leva a uma enxurrada de opiniões nas redes sociais.


Além disso, o colégio é conhecido por ser um dos primeiros na capital paulista a ter adotado um projeto para as relações étnico-raciais. Desde 2019, a escola oferece bolsas para crianças de 5 anos que sejam negras ou indígenas de baixa renda e vem alterando seu quadro de professores para que haja mais diversidade. O colégio também afirma ter realizado a revisão do currículo para incluir outras matrizes culturais além da eurocêntrica e investe em ações de letramento racial e formação dos profissionais.


Ou seja, trata-se de um ambiente em que gestores e professores estão preocupados em oferecer uma educação antirracista, e as famílias que escolhem matricular seus filhos lá certamente conhecem o projeto pedagógico. Mesmo assim, os menos de 10% dos alunos negros não estão protegidos de sofrer racismo na escola. Então, o que deu errado? A falta de diversidade com certeza não ajuda. Por outro lado, talvez muitos outros casos teriam ocorrido na ausência desse projeto na escola.


Diante de situações assim, é crucial garantir o suporte necessário à vítima e que as agressoras sejam educadas sobre a gravidade de seus atos, promovendo a conscientização e a responsabilização, seja na mesma escola, seja em outra.

Não se pode esperar pela próxima jovem vítima para aprofundar as discussões.

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