Ranier Bragon

Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

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Bolsonaros devem explicações detalhadas sobre o que fizeram nos verões passados

Se inocentes, presidente e filhos podem provar que não praticaram mutretas; por que não o fazem?

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"O pessoal quer pegar fantasma e rachadinha o tempo todo."

A reclamação de Jair Bolsonaro diz respeito aos áudios em que Fabrício Queiroz comenta com vigor juvenil a pica-cometa de posse do Ministério Público e a suspeita da existência de uma funcionária fantasma no gabinete de Carlos Bolsonaro. Sobre esse último ponto, o presidente conseguiu se contradizer na mesma frase.

"A Cileide (...) sabia que não ia continuar conosco porque, eu eleito, o Flávio eleito, o eleito viria para Brasília. Se bem que ela estava no gabinete do Carlos. Mas é mudança normal, não tem nada para espantar." 

Além de Cileide, a Folha revelou outros casos. Wal na verdade vendia açaí. Nadir afirmou nunca ter trabalhado para Carlos. Nathalia, filha de Queiroz, figurava no gabinete de Jair, mas atuava como personal trainer. 

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Loja de açaí de Walderice Santos da Conceição, 49, em Mambucaba (Angra dos Reis) - Lucas Landau - 3.mai.2018/Folhapress

Merecem destaque também Marta e Gilmar, 2 dos 17 --sim, 17-- familiares da segunda mulher de Bolsonaro que compunham a lista de pagamento dos gabinetes do clã. Localizados pela revista Época, os dois disseram jamais ter trabalhado para Carlos. Sobre os outros também há cheiro de fantasmagoria. Para onde ia o salário de toda essa gente?

Bolsonaro confirmou nesta segunda ter discutido com Queiroz a exoneração de Cileide, mas voltou a afirmar que nunca mais teve contato com o amigo desde que o escândalo veio à tona. A investigação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 6 de dezembro. A exoneração de Cileide só foi publicada 34 dias depois. Ou há aí mais uma contradição presidencial ou o clã gasta tempo demais entre a tomada de decisão e o seu efetivo cumprimento.

Apurar fantasmas e rachadinhas é obrigação da imprensa. O que não é normal é que a família Bolsonaro trate suspeitas dessa gravidade com silêncio prepotente, versões tortas, evasivas, ameaças a veículos de comunicação ou entrevistas amigáveis à imprensa amiga. A não ser que se considerem califas de uma republiqueta de bananas podres, eles devem explicações minuciosas. Espanta não terem feito isso até agora.

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