Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Justiça penhora R$ 122 mil das contas de sócio da Livraria Cultura

Empresa está desde outubro de 2018 em recuperação judicial

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A Justiça de São Paulo determinou a penhora de cerca de R$ 122 mil das contas bancárias do empresário Sérgio Herz, CEO e sócio da Livraria Cultura.

A decisão foi tomada pelo juiz Lincoln Antônio Andrade de Moura em um processo aberto pela empresa Log Commercial, que cobra uma dívida de aluguel calculada em cerca de R$ 777 mil.

Vista da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo (SP). Foto tirada em 2017
Vista da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo (SP). Foto tirada em 2017 - Léo Burgos/Folhapress

A Log Commercial disse à Justiça que a Cultura não pagou, entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021, os aluguéis e os encargos de um galpão em Guarulhos, locado para o armazenamento de mercadorias. Sérgio Herz foi um dos fiadores do contrato.

Também foram penhorados R$ 19 mil que estavam nas contas da própria livraria e R$ 132,79 de Fábio Herz, sócio da Cultura e também fiador do contrato.

Por conta de dificuldades para pagar seus credores, a Livraria Cultura está desde outubro de 2018 em recuperação judicial, mecanismo pelo qual a Justiça suspende por 180 dias as ações de execução contra uma empresa. Ao longo desse prazo, a companhia tem de apresentar um plano de pagamento aos credores, que podem aprová-lo ou não em assembleia. No caso da Cultura, o plano foi aprovado em 2019 e aditado em maio de 2021.

Ao contestar a penhora dos valores, a defesa dos Herz e da livraria declarou que qualquer pendência financeira da Cultura com a Log deve ser discutida no âmbito do processo de recuperação judicial.

Afirmou que apenas o juiz responsável pela recuperação pode, pela legislação, deliberar sobre medidas que possam afetar a manutenção da atividade empresarial e o plano de pagamento aprovado pelos credores.

"A medida gera enormes prejuízos para o bom andamento da recuperação judicial e para o pagamento dos salários dos colaboradores e das obrigações correntes do mês", afirmou a livraria à Justiça.

A defesa afirmou também que os sócios da Cultura "estão enfrentando os reflexos da grave crise financeira que atingiu a empresa e que dependem das economias disponíveis em suas contas correntes". Disse que pela legislação são "impenhoráveis as quantias destinadas ao sustento do devedor e de sua família."

"Não é a função do Estado chancelar a redução de seus cidadãos à condição de miserabilidade. A medida efetivada contra o patrimônio [de Sérgio Herz] é verdadeira ofensa ao próprio fundamento do Estado Democrático de Direito", declarou à Justiça.

O recurso ainda não foi julgado.

Criada em 1947, a Livraria Cultura afirmou à Justiça ter sido, "assim como muitos outros grupos de empresas responsáveis e bem administradas", uma vítima da profunda crise econômica que assolou o país em 2014 e que a situação se agravou com a pandemia do coronavírus.

A Cultura, que possuía 17 lojas em novembro de 2018, tem apenas três atualmente.

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