Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Frases que fazem pensar

Em seu livro 'Sempre Paris', Rosa Freire d'Aguiar mostra como se entrevistam os grandes nomes

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Todo bom repórter sabe que, numa entrevista, o que interessa é a resposta, não a pergunta. Para isso, a pergunta tem de ser bem feita —curta, rápida, objetiva, que abra um horizonte para o entrevistado. Perguntas longas e elaboradas tendem a ser respondidas com um sim ou não —e por que não, se o repórter já esmiuçou a possível resposta? Rosa Freire d’Aguiar, em seu livro "Sempre Paris - Crônica de uma Cidade, seus Escritores e Artistas", que acaba de sair pela Companhia das Letras, dá várias aulas práticas de como se faz uma grande entrevista.

Carteira de imprensa de Rosa Freire d'Aguiar, repórter da IstoÉ em Paris nos anos 1980 - Divulgação

O livro reproduz as conversas que, como correspondente das revistas Manchete e IstoÉ nos anos 70 e 80, ela manteve com grandes nomes da cena parisiense. Todas ressaltam o impressionante preparo de Rosa para encarar os entrevistados —razão das respostas que arrancou deles, cheias de frases que fazem pensar. Exemplos:

Julio Cortázar, escritor argentino: "Nenhum poema ou romance serve para derrubar ditadores. Mas ambos, por acumulação, contribuem para fabricar a pólvora do canhão que irá abatê-los." Ernesto Sabato, idem: "Deus pode ter sido um grande cientista ao ordenar o universo. Nunca seria um romancista." Roman Gary, escritor francês: "‘Guerra e Paz’, de Tolstói, jamais impediu uma guerra. Fez tudo pela literatura, nada pela paz."

Roger Peyrefitte, idem: "A pornografia é a sexualidade dos primários. Nossa época é maravilhosa, podemos dizer tudo. É exatamente por isso que não devemos dizer tudo." Raymond Aron, pensador: "Mais vale amar apaixonadamente uma mulher do que uma ideologia." E minha favorita, de Suzy Solidor, cantora de cabaré, aos 75 anos: "Vivi intensamente e agora só quero esta vida calma. Nada de recordações. As pessoas felizes não têm história."

Nos anos 90, Rosa, casada com o economista Celso Furtado, abandonou a reportagem para se tornar, até hoje, uma excepcional tradutora.

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