Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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É preciso saber cadenciar e acelerar, no tempo certo

O jogo de futebol é um retrato do corpo e da mente, uma alternância de pausa e intensidade

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Em crônica recente, citei o Palmeiras como exemplo de ótima gestão no futebol brasileiro. Existem outros clubes, como o Fortaleza e o Bahia. Já o Corinthians é um exemplo de péssima gestão. Há outros.

Na coluna anterior, citei grandes times e seleções atuais e do passado que jogam com um trio de meio-campistas que marcam, constroem e avançam, alternadamente. Com frequência, essas equipes possuem também um meia mais ofensivo próximo dos atacantes, como Bellingham no Real Madrid.

Faltou citar a Alemanha dos 7 a 1. Enquanto o Brasil colocava muitos atacantes, a Alemanha, com vários meio-campistas, contra apenas Fernandinho no meio, dominava o jogo e fazia os gols. No segundo tempo contra os Estados Unidos, Dorival Júnior encheu também o time de atacantes, o que deixou menos espaços para os hábeis e velozes Vinicius Junior e Rodrygo.

Brasil se habituou a jogar com muitos atacantes, como Raphinha - Gregg Newton - 12.jun.24/AFP

O Brasil, com frequência nos últimos tempos, adora colocar muitos atacantes. Geralmente ganha as partidas contra as equipes inferiores, acha que está tudo ótimo, mas depois sofre quando enfrenta fortes adversários, como nas últimas Copas do Mundo.

O tempo passa, e as pessoas continuam confundindo a estratégia de jogar com uma linha de três no meio-campo, que, alternadamente, marcam, criam jogadas e avançam, com o modelo brasileiro, com dois volantes e um meia centralizado próximo do ataque. Paquetá, na seleção, não é um meio-campista. É um meia-atacante.

As fracas seleções do México e dos Estados Unidos finalizaram várias vezes da entrada da área com perigo e criaram outras chances de gol. Alisson fez duas excepcionais defesas contra os Estados Unidos. A maior razão da deficiência da marcação do time brasileiro é marcar apenas com dois jogadores no meio-campo para cobrir um longo espaço. Os dois laterais esquerdos que jogaram os amistosos, Arana e Wendell, não apoiavam porque não tinham proteção, já que ninguém voltava pelo lado. Essa não pode ser uma função de Vinicius Junior.

Mais importante do que o desenho tático é valorizar, priorizar o domínio da bola e a troca de passes no meio-campo. Isso não significa cadenciar e não ter objetividade. As jogadas efetivas precisam ser elaboradas, sem pressa nem afobação, para chegar ao gol.

Repito o óbvio, pela milésima vez, de que há mais de uma maneira de jogar bem e de vencer. As transições rápidas da defesa para o ataque com intensidade são também fundamentais. Os grandes times atuais alternam as duas estratégias no mesmo jogo e de acordo com o momento. Cadenciar e acelerar, no tempo certo.

O Botafogo, na vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, foi brilhante, com passagens rápidas da bola da defesa para o ataque para aproveitar a velocidade e o correto posicionamento de seus atacantes. Poderia ter vencido com maior diferença de gols. Enquanto isso, o Fluminense tentava sair da defesa trocando passes curtos, como é habitual, sem conseguir. Pior, perdia a bola e deixava grandes espaços na defesa.

O jogo de futebol é um retrato do corpo e da mente, uma alternância de pausa e intensidade, imaginação e ação. O coração se contrai (sístole) para impulsionar o sangue para os órgãos e depois relaxa (diástole). O pulmão inspira e expira. A mente alterna o repouso com a vigília, o sonho com a realidade. As coisas têm seu tempo certo.

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