Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Em maio, preços agropecuários desabam

Milho tem uma das maiores quedas, com recuo de 19% no mês

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Fatores internos e externos derrubaram os preços dos produtos agropecuários em maio. O milho, um dos mais afetados, chegou a cair 19% no mês passado, após fechar a R$ 53,7 por saca na região de Campinas (SP), conforme acompanhamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Essa desaceleração começa no campo, onde a saca do cereal recuou para R$ 34 em Sorriso (MT), um preço não visto pelos produtores há muito tempo. Em Cascavel (PR), a saca foi cotada a R$ 54, segundo dados da consultoria AgRural. Os preços médios do milho no mês passado foram os menores desde agosto de 2020, segundo o Cepea.

Para Alaíde Zimmer, analista da AgRural, internamente há a expectativa e o potencial de uma grande safra, o que interfere no comportamento dos preços. Além disso, este é um momento de saída dos investimentos dos fundos nas commodities agrícolas no mercado externo, o que também mexe com os preços internacionais.

Plantação de milho em Tabaporã (MT) - Bruno Santos - 12.mai.23/Folhapress

O milho termina o mês de maio sendo negociado a US$ 5,94 por bushel (25,4 kg) na Bolsa de Chicago, um valor próximo ao da cotação mínima registrada na semana passada. A soja, ao recuar para US$ 12,99 por bushel (27,2 kg), caiu para o menor preço desde dezembro de 2021 em Chicago.

No Brasil, a saca de soja recuou para R$ 108 no final do mês passado em Sorriso (MT), segundo a AgRural. Já a média mensal foi de R$ 131 no Paraná, o menor valor desde agosto de 2020, nos cálculos do Cepea.

Zimmer diz que, além da boa safra interna de soja e de milho, o plantio nos Estados Unidos avança e, por ora, não há grandes motivos de preocupações com o potencial de produção por lá, embora haja algumas regiões do Centro-Oeste com secas pontuais.

Arroz, café e trigo também estão com reduções de preços. O trigo, após os valores explosivos logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado, voltou para US$ 5,94 por bushel (27,2 kg) nos Estados Unidos nesta quarta-feira. No Paraná, a tonelada do cereal terminou o mês com um preço inferior a R$ 1.000 por saca, o que não ocorria desde o início do ano.

A queda de preço no setor agropecuário afeta também as proteínas. O valor médio da arroba de boi no estado de São Paulo foi o menor desde dezembro de 2020. No final de maio, esteve em R$ 243, uma queda de 10% no acumulado do mês. O quilo de suíno caiu 7% no mês, e o de frango, 3%, segundo o Cepea.

A queda de preços no campo chega ao atacado e ao consumidor. Nesta terça-feira (30), a FGV apontou queda acumulada de 11% nos preços dos produtos agropecuários no atacado. Soja e milho estão entre as maiores pressões baixistas.

A desaceleração dos preços no mercado internacional já afeta a balança comercial do agronegócio dos Estados Unidos. Nesta quarta-feira (31) o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu a expectativa de vendas externas do setor para US$ 181 bilhões no ano fiscal de 2023. Em fevereiro, o órgão esperava exportações de US$ 184,5 bilhões.

No Brasil, as expectativas de um bom saldo comercial continuam. Os preços internacionais caem, mas o país tem um volume maior de produtos para exportar. A exportação não deverá ficar muito distante dos US$ 159 bilhões do ano passado.

Os Estados Unidos, após um saldo de US$ 2,4 bilhões no ano passado, vão ter déficit de US$ 17 bilhões na balança externa do agronegócio deste ano. Milho, soja, trigo e as carnes bovina e de frango estão entre os produtos que vão render menos do que o esperado.

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