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Conscientização do bairro amplia coleta em cooperativa

Sempre Verde capta 44% a mais de material com esclarecimento de moradores

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São Paulo

Um dos maiores destinos de materiais recicláveis da região do Jabaquara, a Cooperativa Sempre Verde existe há 19 anos. Tem cinquenta cooperados que recebem cerca de um salário mínimo para fazer o trabalho de coleta seletiva num raio de 10km, recebendo material também de bairros como Vila Mariana, Saúde e Brooklin.  

Há quatro anos, funciona num local no Jardim Jabaquara, alugado por R$ 14 mil. Tem dois caminhões e dois pontos de coleta fora do galpão. Somando com os salários, os gastos chegam a R$ 50 mil.

Apesar dessa presença na região, em 2018, começou a faltar material para girar o negócio, conta Guiomar Conceição dos Santos, a presidente da cooperativa.

Guiomar dos Santos
Guiomar dos Santos - Tetra Pak

Em maio, a Sempre Verde começou a participar do programa Recicla Jabaquara, uma parceria entre a ONG Espaço Urbano e a Tetra Pak, com apoio institucional da Câmara de Comércio Sueco-Brasileira. 

O programa foi desenhado para a capacitação dos cooperados e a conscientização da  população sobre a importância econômica, social e ambiental da reciclagem. 

Ao fim de 2018, ampliou em 44% o volume de materiais recicláveis coletados e 1.350 toneladas recolhidas. Em 2017, a cooperativa coletou 935 toneladas e passou para cerca de 1.350 toneladas em 2018.

COMUNIDADE

"O projeto começou em maio de 2018, com aproximação com os moradores da região em escolas, comércios e na rua. As ações causaram incremento significativo na coleta", conta Valéria Michel, diretora de Economia Circular da Tetra Pak.

"A capacitação aconteceu durante três meses com a participação de 32 cooperados. O objetivo foi ampliar o conhecimento sobre a importância ambiental e o potencial econômico da reciclagem, além de aperfeiçoar competências e processos para o desenvolvimento do negócio de forma rentável e sustentável", diz.

Numa segunda etapa, o projeto buscou engajar escolas, comércios e pontos de entrega voluntária, num raio de 5 km no entorno da cooperativa. "Ao todo, foram 24 ações diretas com os moradores, chamadas de Rua Viva, em que os cooperados percorreram o bairro para conversar com as pessoas e esclarecer sobre o papel da cooperativa", explica Valeria.

Além das ações diretamente nas casas e nos comércios, houve interação em 17 escolas, com encontros com alunos e professores para esclarecer como funciona o trabalho da coleta seletiva. 

"A comunidade e os próprios membros da cooperativa começaram a ver o trabalho com outros olhos. Não estamos só passando um tempo fazendo isso, estamos ajudando a limpar o planeta", diz Guiomar.
Ela é uma das fundadoras da cooperativa e atua na área administrativa. 

"Os moradores passaram a trazer mais materiais, principalmente longa-vida e papelão", afirma.
O kg de embalagem longa-vida custa R$ 0,30, o que dá R$ 300,00 a tonelada. Embora coletem entre 5 e 6 toneladas, os cooperados não conseguem vender diretamente para o reciclador. "Vendemos para um atravessador", diz Guiomar. Para a venda direta, os recicladores exigem um mínimo de 12 toneladas. 

A própria Tetra Pak não compra as embalagens pós consumo, mas "auxilia na indicação de recicladores". "Trabalhamos há 20 anos para promover os elos da cadeia da reciclagem e fomentar as relações comerciais entre as cooperativas, as papeleiras e os recicladores", diz Valeria.

Segundo ela, com o Recicla Jabaquara foi possível comprovar na prática o potencial que a conscientização e a transformação dos hábitos da população representam para as famílias que vivem da reciclagem. A Tetra Pak diz que deve expandir a iniciativa para outras cidades.

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