Fórum da água termina com pedido de mudança política e críticas

Senador criticou baixa adesão de países que 'já resolveram seus problemas de saneamento e água'

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São Paulo e Brasília
 

Após seis dias de debates, o 8º Fórum Mundial da Água foi encerrado nesta sexta-feira (23), em Brasília, em meio a pedidos para que políticas públicas sejam alteradas para a proteção da água no mundo e crítica sobre a baixa adesão de chefes de Estado de países ricos.

Durante a cerimônia de encerramento, ao som de música do Senegal, sede da próxima edição do encontro em 2021, representantes da organização exaltaram as diversas cartas elaboradas por prefeitos, governadores, ministros, parlamentares, promotores e juízes ao longo do fórum.

Delegação senegalesa, onde será o próximo Fórum, durante a cerimônia de encerramento, ao lado de representantes brasileiros
Delegação senegalesa, onde será o próximo Fórum, durante a cerimônia de encerramento, ao lado de representantes brasileiros - Fabrício Lobel/Folhapress

Os membros do Judiciário, por exemplo, assumiram o compromisso de, em caso de dúvidas sobre uma decisão jurídica, decidir em favor da preservação dos recursos hídricos, sob o conceito “in dubio, pro aqua”. 

Já membros de parlamentos de diferentes países assumiram o compromisso de enxergar a água como um bem humano. O senador Jorge Viana (PT-AM), que coordenou a redação da carta dos parlamentares, propôs uma emenda à Constituição brasileira para que a água fosse entendida como um direito humano. 

Viana criticou ainda a baixa adesão ao fórum de chefes de Estado de países ricos. "Gostaríamos que tivéssemos aqui líderes dos países ricos, que já resolveram seus problemas de saneamento e água. A própria ONU demorou a entrar no debate e só reconheceu a água como um direito humano em 2010", disse.

Os representantes da organização responsáveis pela sustentabilidade do evento e pela temática social afirmaram ainda que ou políticas públicas são alteradas, ou o mundo não alcançará as metas de desenvolvimento sustentável propostas para 2030 pela ONU. 

EXCLUÍDOS

A cerimônia teve ainda um rápido protesto de três jovens que, diante do palco, ergueram um cartaz com o texto “somos as vozes não ouvidas”. Elas diziam ser representantes de jovens, mulheres, comunidades indígenas que não se sentiam representados ou que não podiam pagar pelo ingresso do fórum --que variava de R$ 525 (valor para estudantes) a R$ 2.975. O grupo também afirmou estar frustrado com o Fórum Alternativo Mundial da Água, que firma oposição ao evento principal. 

O protesto foi feito enquanto subiam ao palco representantes da delegação de Dakar, a capital senegalesa que receberá em 2021 a 9ª edição do evento. 

SENEGAL

Abdolaye Sene, chefe da organização do fórum senegalês disse que a próxima edição será uma continuação das diretrizes traçadas e dos ensinamentos aprendidos no fórum de Brasília. 

“Será um evento mundial, obviamente, mas queremos que seja também um fórum africano. Queremos focar nos problemas e nas sugestões para soluções da escassez de água que vivemos no continente”, disse. “Queremos também ter na próxima edição uma Vila Cidadã, como teve aqui no Brasil, para permitir a participação popular nas discussões do tema da água”. A cerimônia foi encerrada com um show do músico senegalês Youssou N’Dour.

Em uma semana, o Fórum Mundial da Água reuniu 97 mil participantes até a manhã desta sexta-feira. A organização acredita que até o fim desta sexta-feira, o número ultrapasse os 100 mil. A expectativa da organização era de reunir até 40 mil. 

A maioria dos visitantes foram alunos de escolas do Distrito Federal. Mais de 48 mil crianças passaram pela Vila Cidadã, área do evento com acesso livre ao público. 

 
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