Descrição de chapéu Obituário Luiz Antonio Gasparetto (1949 - 2018)

Mortes: Adepto da autoajuda, rompeu com o espiritismo tradicional

Médium, filho de Zibia Gasparetto dizia que pobreza não era passaporte para espiritualidade

 
 
Flávia Faria
São Paulo

​“Eu convivo com fantasma o dia inteiro, como vou ter medo de morrer?” O médium, escritor, apresentador e terapeuta Luiz Antonio Gasparetto disse isso em fevereiro, em um vídeo no qual contava aos seus fãs e seguidores que tinha câncer de pulmão. ​​​

Filho de Zibia Gasparetto, descobriu a mediunidade aos 13 anos, por meio de pinturas. Começou a trabalhar com a espiritualidade depois de um encontro com Chico Xavier.​

Em foto de 1992, Luiz Alberto Gasparetto
Em foto de 1992, Luiz Gasparetto, médium e apresentador de rádio - Bel Pedrosa/Folhapress

Nos anos 1970, foi conhecer o mundo. Descobriu que, diferentemente do que ocorria no Brasil, era comum que médiuns aparecessem na TV, fizessem sessões públicas de psicografia, falassem sobre terapias alternativas e sobre autoconhecimento.

Gasparetto achava que por aqui tudo era muito parado, que o país precisava sair do que chamava de “religiosismo” e se abrir a outras propostas.

Seus embates com o kardecismo, segmento mais tradicional do espiritismo, começaram com críticas à abordagem de temas como sexualidade e dinheiro. Homossexual, reclamava que os espíritos tinham mensagens libertadoras, mas que a mentalidade dos médiuns brasileiros, muito apegados à moral católica, impedia que se falasse sobre essas questões.

 Foi com esse mote que fundou um espaço só seu, mais voltado para o que chamava de “espiritismo da nova era” e, principalmente, para a autoajuda. Falou de tarô, astrologia, cromoterapia, autoconhecimento e cristais, mas sem deixar de lado a doutrina espírita. 

Sua característica mais polêmica era a relação com o dinheiro. Gasparetto não via problemas em associar espiritualidade e riqueza material, ao contrário do que prega o kardecismo. Tinha certo desprezo pelo ideal de sacrifício e sofrimento e dizia que pobreza não era passaporte para espiritualidade. 

Seus cursos, palestras e livros lhe renderam dinheiro, fama e críticas. A ele é creditada boa parte da responsabilidade pela monetização do trabalho de sua mãe, a também médium e escritora Zibia, com destaque aos lucros da editora da família, Vida e Consciência.

Com a mudança de rumo, Gasparetto ganhou fama e se tornou presença frequente em programas de televisão e rádio. Entre 2005 e 2008, teve o seu próprio show na RedeTV!, batizado Encontro Marcado. Se dedicava a resolver conflitos amorosos e familiares.

Morreu nesta quinta (3), aos 68 anos, em São Paulo, em razão do câncer de pulmão que tentava tratar. Deixa a mãe, Zibia, os irmãos, Silvana e Irineu, e sobrinhos.

 

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas​​​​

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.