Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Animais agonizando são mortos a tiros em Brumadinho

Forma de abatimento para sacrifício é feita devido a dificuldade no acesso

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Brumadinho (MG)

As forças de segurança responsáveis pelas buscas em Brumadinho afirmam que animais presos na lama do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, só são mortos se estiverem agonizando. 

O abatimento de animais a tiros por helicópteros da Polícia Rodoviária Federal se tornou alvo de polêmica nesta terça-feira (29). Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, o sacrifício é feito normalmente com injeção letal, mas outros métodos estão sendo utilizados devido à dificuldade de acesso aos animais.

Policial rodoviário atira em animais na região do Córrego do Feijão, em Brumadinho
Policial rodoviário atira em animais na região do Córrego do Feijão, em Brumadinho - Pedro Ladeira/Folhapress

Sobretudo vacas e aves estão presos na lama. Segundo Aihara, 26 já foram resgatados e levados para duas fazendas, onde recebem atendimento veterinário. 

Há ainda animais presos na lama que estão recebendo água e comida enquanto aguardam o resgate. 

“Na cena crítica, temos alguns animais que estão recebendo no local alimentação e água, porque a remoção ainda não é possível. A prioridade é o salvamento de pessoas ainda. No momento adequado, serão recolhidos”, disse o coronel Evandro Borges, chefe do gabinete militar e da Defesa Civil de Minas Gerais.

Borges pediu que o sacrifício de animais não seja polemizado. “Não vamos polemizar essa situação, que é algo dentro do procedimento de atendimento de socorrimento de uma crise dessa natureza.”

Aihara afirmou que os animais abatidos apresentam fraturas ou perfurações que tornam impossível o seu salvamento. 

Segundo as forças de segurança, o resgate e o abate de animais está sendo acompanhado por veterinários, inclusive alguns cedidos pela Vale, e pelo Ibama. 

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“O abate somente é efetuado em último caso, quando os animais estão agonizando em estado terminal”, disse Borges. Há uma avaliação dos veterinários para recomendar ou não o sacrifício do animal. 

“Não é ético insistir no sofrimento desses animais”, completou Aihara. 

A Polícia Rodoviária Federal afirmou que tem participado dos resgates, incluindo de animais, e que vários encontram-se atolados. "Em destaque para os bovinos e caninos", diz, em nota.

"Lamentavelmente, durante a triagem dos animais foram encontrados três casos específicos de bovinos atolados na lama, em estado de exaustão e com fraturas de membros. Após análise da equipe veterinária, considerando a impossibilidade de adoção de outras medidas, foi tomada a decisão pela eutanásia daqueles animais." 

Segundo a PRF, o procedimento foi orientado e supervisionado pela equipe veterinária sob a coordenação do comando da operação de resgate.

Em nota divulgada na tarde desta terça-feira (29), a administração Romeu Zema (Novo) afirma que "em nenhum momento houve autorização por parte do Gabinete Militar do Governador/Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para o abate de animais aleatoriamente ou por meio de métodos em desacordo com as normas". ​

Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária, o abate nessas condições não está fora das normas, mesmo não sendo feito por meio de injeção letal. "Sob a supervisão de equipe veterinária, nesta segunda-feira (28), dois animais (um equino e um bovino), que estavam atolados há 4 dias em local de difícil acesso, tiveram de ser abatidos por meio de rifle sanitário", disse o conselho, em nota.

O CFMV afirma que os animais estavam em local sem condições de segurança para serem içados, presos em área que oferecia riscos aos socorristas e sem possibilidade de acesso para aplicação de outra técnica.  "A Resolução CFMV nº 1.236/2018 (art. 5º, XXIX, parágrafo 1º) excetua o abate e a eutanásia da condição de maus-tratos."

Portanto, o abate por meio de rifle sanitário é até encorajado. Se corretamente aplicado, o prohétil "produz dano cerebral grave e irreversível, induzindo o animal à imediata inconsciência e insensibilidade, eventos que antecedem e garantem morte rápida e indolor", informa o conselho. "Este método é amplamente difundido e recomendado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), bem como pelo CFMV."

O conselho federal faz ainda um apelo de apoio. "Neste momento, em que centenas de animais precisam de socorro e em que dezenas de veterinários estão assumindo para si esta responsabilidade [dos abates], o que se espera da sociedade brasileira é o mais sincero apoio a cada um dos profissionais presentes hoje em Brumadinho (MG)."

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