Taxistas fazem carreata em homenagem ao jornalista Ricardo Boechat

Dezenas de motoristas seguiram juntos até o local do velório do comunicador

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Velório do jornalista Ricardo Boechat, no MIS, em São Paulo
Velório do jornalista Ricardo Boechat, no MIS, em São Paulo - Eduardo Anizelli/Folhapress
São Paulo

Um grupo de dezenas de taxistas fez uma carreata até o velório do jornalista Ricardo Boechat, realizado na manhã desta terça (12) no MIS (Museu da Imagem e do Som).

"Era o nosso passageiro de toda manhã. Sempre escutávamos o programa dele. E nenhum passageiro pedia para mudar de rádio", conta o taxista Rocco Velluto Jr., 51.

A carreata chegou ao MIS por volta das 12h45 e fez um buzinaço em homenagem ao jornalista. Eles foram recebidos por aplausos. O trânsito na região era carregado no momento.

"Estamos aqui porque ele merece essa homenagem, sempre defendeu a nossa categoria", explica o taxista Cláudio Gomes de Freitas, 52. "Na questão do Uber, ele era a favor da regularização pra ter oportunidade pros dois lados. E não é só taxista. Ele sempre defendeu o Brasil."

VELÓRIO

Centenas de pessoas prestaram homenagem ao jornalista Ricardo Boechat desde a madrugada desta terça-feira (12). O jornalista morreu aos 66 anos, quando o helicóptero em que ele estava caiu na região do Rodoanel, na rodovia Anhanguera, em São Paulo.

A cerimônia foi aberta ao público até as 14h, quando o corpo foi retirado do MIS sob fortes aplausos, para ser cremado numa cerimônia reservada para a família.

Entre políticos, jornalistas, artistas e fãs, centenas de pessoas passaram pelo local desde a chegada do caixão, às 23h20 de segunda, sob uma salva de palmas dos presentes. 

Presidente do Grupo Bandeirantes, onde o jornalista trabalhava, ​​João Carlos Saad foi um dos primeiro a chegar. Disse que Boechat deixa um legado na profissão e afirmou que é preciso apurar as circunstâncias da morte —a empresa que fazia o transporte do jornalista de uma convenção farmacêutica em Campinas para a capital não tinha autorização para levar passageiros.

Acompanhada das duas filhas do casal e de Mercedes, 86, mãe de Boechat, Veruska Boechat agradeceu as condolências pela morte do marido. “Ele foi o ateu que mais praticava o amor ao próximo”, disse a viúva. Em uma rede social na qual publicou uma foto dos dois, afirmou que a segunda-feira foi o pior dia de sua vida.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), lamentou a morte do âncora do Jornal da Band, a quem chamou de "grande defensor dos princípios da democracia" no Brasil.

“Uma perda muito grande para todos os jornalistas que acreditam no valor da liberdade de imprensa e da qualidade da imprensa brasileira”, disse Doria no MIS. Segundo o governador, a amizade entre os dois se estendeu pelas últimas quatro décadas e envolvia o gosto por futebol.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, afirmou que vai consultar a família para criar um espaço na cidade em homenagem a Boechat —ele não especificou o que exatamente será. 

"Boechat era uma grande referência não apenas para o jornalismo, mas para todos nós. É uma perda para o jornalismo. É uma perda pra democracia, que é o jornalismo livre e isento que garante a democracia", afirmou o prefeito.

O velório também recebeu ouvintes e espectadores de Boechat. O administrador Gustavo Batista Camilo Aguilar do Prado, 42, veio de Guarulhos, na Grande São Paulo, para acompanhar o velório. Ele se diz admirador do trabalho do jornalista.

​Contou que em novembro de 2014 mandou uma mensagem de texto para Boechat —em um número de celular que o jornalista divulgava para o público— com uma sugestão de pauta e que, minutos depois, recebeu uma ligação inesperada do jornalista, interessado na história.

Desde então, trocou mensagens com o âncora do Jornal da Band. A última foi em agosto de 2018, que Prado ainda exibe no celular.

 
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