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Cristina Naumovs

Blocosfera: Por que fazer um bloco de Carnaval?

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Nem sempre amei o Carnaval, não sou das pessoas que têm foto nos bailes de clubes quando eram criança, nem acordei com glitter na adolescência, mas sempre amei festas, em dançar e discotecar em várias delas.

Então, há cinco anos, resolvi testar um pré-Carnaval no Rio de Janeiro, já que todo mundo que é sabido da festa me dizia que era o melhor. Na chegada, não gostei: era cheio, fedido, quente. Mas algo me dizia que eu devia insistir um pouco mais.

E aí o pior (credo, que delícia) aconteceu: eu me apaixonei por um bloco chamado Bonytos de Corpo, que rodava com uma bicicleta pelo centro da cidade, com um som péssimo, baixo, porém com uma trilha sonora incrível, uma gente divertida e zero abadás. Reparei, inclusive, em várias atrizes da Globo disfarçadas, aproveitando o rolê sem ninguém perceber que elas estavam lá.

E eu pensei: por que não levar as festas que sempre fiz em lugares fechados pra rua? Por que não dançar na rua? Um dia, em 2016, entrei no site da prefeitura, ia fazer a inscrição para criar um bloco pro lugar que eu trabalhava na época, mas como a empresa não tinha me autorizado a fazer, eu pensei "vou colocar meu nome, se rolar, a gente conserta depois". Ainda sem nome, mas só com a ideia que deveria ter um componente de amor e afeto, porque seria para amigos. Corta. Recebo um email de confirmação da prefeitura para colocá-lo na rua.

De novo, veio na minha cabeça "Ah, eu uso o 13º salário pra fazer isso, vai dar certo". Aluguei um trio elétrico (o som precisava ser bom), chamei amigos pra ajudar a decorar o carro, amigos pra tocarem junto. E assim nasceu o Bloco do Apego, para amigos e amigos dos amigos, ou pelo menos alguém com quem você tenha pessoas em comum no Facebook.

Não é pra ser um negócio, não é pra ocupar a rua com área VIP ou cordão de isolamento para escolhidos. A ideia é, há três anos, juntar gente legal, com vontade de se divertir e só. É dançar como se estivesse numa final de novela das sete, meio desengonçado, meio bêbado, meio conhecendo aquelas pessoas ao seu redor, meio sem saber dançar, meio sambando. É o cordão da turma festiva, mas que não tem mais idade pra perrengue.

E tem sido lindo. Eu recomendo que todo mundo suba em um trio elétrico na vida. Olhar um monte de gente aproveitando a música, as pessoas, a cerveja, o drinque, o amor, é de encher o coração. Parece um papo meio de hippie, mas eu juro que é, de fato, incrível.

Meu bloco virou um baile, que aconteceu pela segunda vez esse ano, que é (adivinha) o Baile do Apego, em um grande salão de clube. Com algum conforto, a sensação é de estar de volta à aquela alegria juvenil, que você, na chegada, ganha um saquinho de confete e serpentina pra jogar pra cima, soprar ou deitar no chão coberto deles —e eu estou resolvendo aquelas fotos que faltaram na matinê da infância.

Cristina Naumovs, 40, tem um trabalho de adulto e um bloco pra chamar de seu

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