Um vizinho que costumava tocar sanfona na calçada de uma rua em Guaratinguetá (interior de São Paulo) foi quem despertou o interesse de Humberto pela música, lá pelos idos da década de 1960.
Com cerca de 8 anos, Beto, como era chamado pelos amigos, começou a fazer aulas de acordeon. Como tocava todas as canções de ouvido, sem ajuda de partitura, parou o curso. Foi também sem ajuda de teoria que o rapaz aprendeu a tocar violão e piano.
Apesar do dom, o pai insistia para que o filho estudasse engenharia na faculdade. O jovem não seguiu o conselho, mudou-se para a capital paulista e ingressou no Instituto Musical de São Paulo.
Adotou o nome artístico de Beto Mi (em referência à nota musical) e investiu na MPB. Um dos momentos mais marcantes de sua vida foi quando venceu o Festival de Ubá, em Minas Gerais, em 1982, com uma canção intitulada "Ói U Trem".
A performance o levou a ser comparado a Chico Buarque pelo compositor Alcyr Pires Vermelho. Outro elogio veio da rainha do rádio Angela Maria, que o chamou de "divino".
Colecionava no currículo nove discos e apresentações com Vanusa, Ivan Lins, e a dupla Sá e Guarabyra. E um selinho na Hebe.
Além da música, tinha paixão por poesias, especialmente as de Pablo Neruda e Fernando Pessoa. Também não abria mão de tomar uma cachaça de alambique com amigos e de viajar por cantos pouco conhecidos do país.
O bigode, a barba e o cabelo comprido eram as marcas registradas do músico. O que poucos sabiam era que o visual era uma forma de esconder uma lasca no dente que adquiriu quando bateu no fundo de uma piscina quando era criança.
Beto passou os últimos dias de vida com a esposa em uma chácara em Guaratinguetá. Ele se preparava para se apresentar em um festival no Nordeste. Morreu em 10 de junho, vítima de um infarto, aos 60 anos. Deixa a esposa, Elisabetta, duas filhas, Marcela e Thais, e um neto, Samuel.
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