SP compra insumos para aplicar vacina de Covid, mas postos têm falta de AAS a remédios para doenças crônicas

Faltam ao menos dez tipos de produtos nas farmácias da rede municipal da capital paulista

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São Paulo

As farmácias de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e AMAs (Assistências Médicas Ambularoriais) da capital paulista estão com falta de medicamentos. Os desabastecimentos atinge desde remédios simples, como o ácido acetilsalicílico, o popular AAS, até os usados em tratamentos de doenças crônicas, como diabetes tipo 2.

Em pesquisa nesta quarta-feira (9) no site Aqui tem Remédio, da Secretaria Municipal da Saúde, a Folha constatou ao menos dez produtos disponibilizados pelas farmácias da capital em falta. Três deles não estão disponíveis nem nos estoques da rede.

É o caso da levotiroxina sódica 25 mg, usada por pacientes com disfunções na tireóide de maneira contínua. Segundo o site, o medicamento está em processo de compra e encontra-se indisponível em todas as farmácias de AMAs e UBSs da cidade.

Suplementos vitamínicos como a tiamina (vitamina B1) e o sulfato ferroso heptahidratado 125 mg/mL (ferro) —usados por gestantes, lactantes, crianças e alguns idosos— também não são encontrados nas farmácias da rede. A aquisição da tiamina ainda aguarda conclusão da licitação e o sulfato ferroso está em processo de compra, segundo site.

Já o AAS só está disponível em uma farmácia da cidade: a da AMA do Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca (zona leste de SP). Receitado para combater dor, febre e inflamações, o medicamento é comumente usado por pacientes com doenças cardíacas, pois previne a formação de coágulos sanguíneos.

Sala de espera da AMA do Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca (zona leste de SP), único local da rede municipal que tinha disponível o medicamento AAS para ser retirado pelos pacientes - Rivaldo Gomes/Folhapress

A cozinheira Rosana Ferreira, 58, não encontrou AAS na UBS Vila Alpina (zona leste de SP), na tarde desta terça (8). Hipertensa, ela faz uso da medicação há três anos. "Todo mundo tá preocupado com a vacina do coronavírus, mas o posto de saúde não tem nem AAS, que é o remédio mais barato que tem. Agora vou ter que tirar do meu bolso para comprar, como se dinheiro estivesse sobrando", reclama.

Nesta semana, a secretaria municipal da saúde informou que já adquiriu seringas, agulhas, insumos e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para a aplicação das doses de vacina contra a Covid-19, nos postos de saúde da capital, assim que um imunizante for aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Outros quatro medicamentos pesquisados pela reportagem estavam disponíveis em menos de dez pontos de retirada na cidade, como a fluoxetina 20 mg, usada no tratamento de quadros de ansiedade e depressão.

O antipsicótico haloperidol 5 mg, administrado a pacientes com esquizofrenia e alguns distúrbios motores, só era encontrado em cinco unidades de saúde nesta quarta, segundo o site, assim como a loratadina (antialérgico) e o carbonato de cálcio 1250 mg.

Os pacientes ainda têm dado falta de remédios de uso contínuo, como a gliclazida 30 mg, usada no tratamento de diabetes tipo 2. Em busca no site da secretaria, é possível ver que ele está disponível em poucas unidades por região.

A aposentada Elizabete Fares Bernardino, 71, que fez uma cirurgia cardíaca a menos de um ano, não conseguiu encontrar a gliclazida nos postos da região de Raposo Tavares (zona oeste de SP) neste mês e teve de comprar um remédio similar ao custo de R$ 170 a caixa com 30 comprimidos.

"Eu já estava comprando AAS, que está em falta no posto, e agora tive que comprar mais esse remédio. Ganho R$ 1.045 por mês de aposentadoria e não consigo pagar pelos remédios. Só compro porque, se ficar sem, eu morro."

A Secretaria Municipal da Saúde informou, por meio de nota, que os itens apontados pela reportagem estão em processo de aquisição, com a chegada prevista a partir de 14 de dezembro. A gestão Bruno Covas (PSDB), ainda afirmou que os mais de 260 medicamentos disponibilizados pela rede básica e de especialidades "estão com estoque a apresentam situação de normalidade". A pasta ainda destacou que a rede possui alternativas terapêuticas, conforme avaliação médica.

Medicamentos, vitaminas e insumos em falta

  • Ácido acetilsalicílico (AAS)
  • Carbonato cálcio 1250 mg
  • Fluoxetina cloridrato 20 mg comprimido
  • Gliclazida 30 mg
  • Haloperidol 5mg
  • Levotiroxina 25 mg
  • Loratadina 10 mg comprimido
  • Óleo mineral frasco 100 ml
  • Sulfato ferroso heptahidratado 125 mg/mL (equivalente a 25 mg de Fe++) solucao oral gotas frasco 30 ml
  • Tiamina
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