O paulistano Nuncio Carlos Nastari era a alegria em pessoa. De humor inabalável, o paulistano mais são-paulino da cidade esbanjava simpatia e irreverência. Era talentoso nas piadas, assim como na escrita e nos argumentos quando precisava encontrar a seriedade.
Os amigos se dirigiam a ele carinhosamente como Nuncio “Caro” Nastari, “Nuncio Apostólico” ou simplesmente Nuncio.
Contador de causos, poeta e cantor, Nuncio era um boêmio disputado nos balcões e mesas dos bares da capital paulista.
Na fase boêmia emprestou sua alegria aos salões de dança.
Nuncio cursou direito na USP. Integrava a famosa turma de 1975, dos amigos que se encontram até hoje — alguns presentes apenas nas lembranças.
“Ele era hábil advogado, de finos argumentos, cujas palavras penetravam no destinatário para tumultuar, cutucar e alterar o seu raciocínio. Como tempero servia-se do humor machadiano, em frases curtas e sem longas citações, pois entendia, com sapiência que o direito do cliente não poderia servir de exercícios de textos eruditos, mas deveria ser logo conhecido e provido, sem mais delongas”, escreveu à Folha Antonio Clarét Maciel Santos, 70, seu amigo havia 50 anos.
“Nuncio gostava da vida e passou por ela de forma intensa”, disse.
Para o jornalista Alfredo Nastari, 66, ficarão para sempre a sólida amizade e a cumplicidade entre os irmãos ao longo da vida.
“Ele será lembrado pela facilidade em fazer amizades e ser querido por todos. Adorava a noite, cantar e os amigos. Nuncio foi extremamente generoso em suas relações pessoais”, diz Alfredo.
Nuncio morreu no dia 9 de junho, aos 69 anos, em decorrência de complicações após uma cirurgia. Ele tinha diabetes e problemas renais. Separado, deixa dois filhos, três netos, um irmão e uma coleção de amigos e admiradores.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.