A clínica do cirurgião plástico Alan Landecker, investigado por deformar o nariz de pacientes, está interditada pela Vigilância Sanitária para a realização de procedimentos cirúrgicos há cinco meses. O consultório fica no Jardim Europa, área nobre na zona oeste de São Paulo.
A Secretaria Municipal de Saúde cita apenas "inconformidades em procedimentos cirúrgicos" para justificar a interdição, sem fornecer mais detalhes. Nova vistoria foi feita em 14 de outubro, quando foi constatada a obediência à interdição.
Por meio de nota enviada por seus advogados de defesa, o médico afirmou que "não é verdade que a Vigilância Sanitária de São Paulo tenha detectado alguma contaminação na Clínica Landecker". O relatório de inspeção, segundo a nota, apontou a insuficiência de estrutura para cirurgias.
Como a Folha mostrou, um grupo de ao menos sete ex-pacientes de Landecker procurou a Polícia Civil de São Paulo para registrar queixa contra o cirurgião. Eles reclamam de lesões no nariz e problemas de saúde (como perda de olfato, paladar e audição) provocados por infecção pós-rinoplastia estruturada.
Em nota enviada à reportagem após a publicação deste texto, os advogados do médico informaram que a clínica nunca fez procedimentos cirúrgicos, mas "apenas atendimentos clínicos e ambulatoriais".
Os advogados afirmam ainda que não há nenhuma restrição aos atendimentos clínicos e ambulatoriais na clínica e que todas as cirurgias feitas por Landecker ocorrem nos hospitais.
O caso é alvo de investigação da Polícia Civil de São Paulo por lesão corporal. O Ministério Público e o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) também analisam as denúncias.
A série de reclamações contra Landecker levou três dos mais renomados hospitais da capital (Sírio-Libanês, Vila Nova Star e São Luiz) a impedi-lo de realizar cirurgias em suas unidades.
Na sexta-feira (5), o hospital Albert Einstein informou que suspendeu o cirurgião plástico do quadro de médicos autorizados a realizar procedimentos no centro cirúrgico da instituição.
Uma vez procurado pelos pacientes com quadro de infecção bacteriana no pós-operatório, o cirurgião cobrava até R$ 17 mil para fazer novo procedimento de correção.
Por meio de seus advogados de defesa, Landecker afirmou que "informações envolvendo a relação médico-paciente são sigilosas por lei e não podem ser divulgadas publicamente". Ele não quis comentar sobre os custos adicionais para reverter as intercorrências.
Em comunicado divulgado nas redes sociais e no site oficial da clínica, Landecker se pronunciou pela primeira vez sobre o caso nesta segunda-feira (8).
O médico afirmou que a cicatrização de rinoplastias é "imprevisível e incontrolável" e que, mesmo com o bom trabalho do médico, o processo de recuperação também depende de fatores ligados aos pacientes "como idade, saúde, imunidade, alimentação e seguimento das orientações médicas".
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