Descrição de chapéu Obituário José Bocanegra Arroyo (1926 - 2022)

Mortes: Encarou os desafios com humanidade e coragem

José Bocanegra Arroyo era cardiologista na Unifesp

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São Paulo

Exercer a profissão pela qual era apaixonado não foi tarefa fácil para o cardiologista José Bocanegra Arroyo.

José nasceu em Trujillo, no Peru, onde iniciou o curso de medicina. Cheio de aspirações, veio ao Brasil aos 27 anos em busca de melhores oportunidades.

"Ele ficou sabendo de uma bolsa na Escola Paulista de Medicina e pediu para se candidatar. De cara, o pedido foi negado, porque a bolsa era para formados. Como terminaria o curso em alguns meses, insistiu com o argumento de que tinha capacidade para assumir. Assim, ele fez as provas e passou", conta a jornalista Camille Bocanegra, 28, sua neta.

José Bocanegra Arroyo (1926-2022) com a esposa Sônia
José Bocanegra Arroyo (1926-2022) com a esposa, Sônia - Arquivo pessoal

O exercício da medicina proporcionou-lhe o encontro com Sônia Castro (1936-2022), que viria a ser sua esposa. O pano de fundo do início da história do casal foi o Hospital São Paulo. A tia de Sônia era paciente de José.

Após algumas trocas de olhares, José ofereceu-lhe uma maçã. Sônia recusou a fruta, mas o episódio colaborou para o início do namoro.

Depois do casamento, os dois se mudaram para o Peru. José terminou o curso de medicina e tornou-se pai de Helena (1956-2003). A permanência no país foi curta e logo voltaram ao Brasil. Não havia expectativas nem emprego.

O médico precisou revalidar o diploma e o fez na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), onde também se especializou em cardiologia.

Inicialmente, tentou algum trabalho no Hospital das Clínicas, mas voltou à Unifesp, de onde não saiu mais.

José chegou a professor-adjunto da disciplina de cardiologia e a chefiar alguns departamentos na cardiologia, mas, segundo Camille, o preconceito por ser estrangeiro o impediu de voar mais alto.

O otimismo era uma grande virtude. "Ele nunca falava das coisas com frustração, mas com superação. Encarou adversidades e desafios como combustível até o fim da vida. Lidava com as coisas com muita humanidade e coragem", diz a neta.

A aposentadoria veio aos 70 anos, mas José continuou a trabalhar como médico e professor até com mais de 80. "Pelo menos 27 mil pacientes passaram pelo seu consultório", afirma Camille.

José era um homem justo e correto. Corintiano, gostava de música, especialmente peruana, além de clássica e "Anunciação", de Alceu Valença. Tinha paixão por crianças.

O médico morreu no dia 24 de março, aos 95 anos. Dormiu e não acordou mais, segundo Camille. Viúvo, deixa duas netas e quatro bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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