Descrição de chapéu indígenas

Crianças perdidas na floresta por 27 dias deixam hospital no AM

Meninos da etnia Mura de 6 e 9 anos pesavam 12 kg e 18 kg quando foram achados

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Manaus

Dois irmãos indígenas de 6 e 9 anos que ficaram perdidos por 27 dias na floresta em Manicoré (a 332 km de Manaus) receberam alta após 20 dias internados na enfermaria do Hospital e Pronto-Socorro da Criança da Zona Oeste, em Manaus, nesta quarta-feira (6).

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o caçula foi internado com 12 kg e, hoje, está com 18,7 kg. Já o irmão mais velho pesava 18 kg quando deu entrada na unidade de saúde, e, nesta quarta, deixou o hospital com 26 kg.

As crianças da etnia Mura estão com os pais e uma irmã de 21 anos na enfermaria da Casai (Casa de Apoio à Saúde Indígena) e devem retornar à aldeia Palmeira, na Terra Indígena Lago do Capanã, no sul do Amazonas, na próxima semana.

Com os pais, dois irmãos indígenas recebem alta após 20 dias internados em hospital de Manaus - Arthur Castro/Secom Governo do Amazonas

Assistente social do Dsei Manaus, Rossineia Lima, que acompanhou as crianças desde a chegada em Manaus, afirmou que o mais velho relatou que queria voltar para casa.

"Eles chegaram na Casai e foram logo dormir. Acho que estão cansados, pais e filhos. O mais velho me deu um abraço hoje e eu perguntei se ele estava feliz na casa nova. Ele respondeu que não, que quer ir para casa dele", afirmou a assistente social.

Desde o resgate na floresta amazônica, os dois falavam da vontade de comer alimentos sólidos, o que só foi introduzido após alguns dias.

"A dieta que a gente faz para eles é especial, diferente da nossa. São alimentos que já são semiprocessados, não em relação a conservantes, mas sim quebrados em partes menores para facilitar a absorção. Com isso eles conseguiram recuperar peso mais rapidamente", disse o pediatra Eugênio Tavares, médico responsável pelo acompanhamento dos irmãos.

retrato de duas crianças, com o rosto oculto
Indígenas da etnia mura, eles saíram sozinhos para caçar pássaros e acabaram se perdendo na mata fechada - Arquivo pessoal

Segundo a assistente social da Casai, está prevista para a próxima semana uma homenagem aos irmãos por parte do Cigs (Centro de Instrução de Guerra na Selva), que é responsável por curso de treinamento de sobrevivência na selva.

Os dois saíram para observar pássaros e caçar no dia 18 de fevereiro e não voltaram para casa. No dia 15 de março, um morador da região, ao entrar na mata para serrar árvores, avistou as duas crianças deitadas que, ao vê-lo, pediram socorro.

Os irmãos foram levados numa lancha à cidade de Manicoré.

De acordo com a Casa, a busca pelas duas crianças indígenas foi feita pela equipe de bombeiros e pela polícia em Manicoré, mas durou apenas cinco dias. Mas a família e os amigos não desistiram de encontrar os dois irmãos.

A médica Suzy Serfaty, que fez o primeiro atendimento das crianças, relatou que elas estavam com desnutrição e desidratação graves e lesões na pele. Estavam lúcidos, segundo ela, mas com dificuldades de comunicação nas primeiras horas.

"Mas estavam visivelmente consumidos e em estado de caquexia, que seria o grau mais alto da desnutrição, quando o corpo já não tem mais o que consumir para transformar em energia e acaba se utilizando da energia que tem nas fibras musculares para se manter vivo", disse a médica.

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