Descrição de chapéu Folhajus feminicídio

Polícia investiga vídeo em que mulher cai de prédio na Grande SP

Namorado dela foi preso até que caso seja esclarecido; vítima permanece internada e estável, afirma polícia

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São Paulo

A Polícia Civil de Guarulhos investiga as circunstâncias em que uma manicure de 24 anos aparece em vídeo caindo pela janela de um imóvel, de uma altura de aproximadamente cinco metros, na cidade da Grande São Paulo, na quarta-feira (6). A gravação foi feita com um celular. Ela permanece internada, mas sem risco de morrer.

O namorado dela, um motorista de 24 anos, foi detido pela polícia, ainda na quarta, e teve a prisão decretada pela Justiça, nesta quinta-feira (7).

O advogado Claudevan da Silva Lima, que cuida da defesa do suspeito, afirmou que trabalha para levantar provas que revertam a tipificação do crime, atualmente registrado como tentativa de feminicídio, para tentativa de suicídio.

Manicure de 24 anos aparece em um vídeo feito com celular, caindo pela janela de um imóvel, de uma altura de aproximadamente cinco metros, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na quarta-feira (6). A Polícia Civil investiga as circunstâncias da queda - Reprodução

"Vi o vídeo e concordo com a decretação da prisão, feita pelo delegado. Na atual fase do processo, na dúvida, ele pediu a prisão. Agora vou trabalhar para mostrar que meu cliente não atentou contra a vida da namorada", explicou o advogado, na tarde desta sexta-feira (8) à Folha.

O defensor acrescentou que, no dia do incidente, o casal havia comemorado dois meses de namoro. Por isso, consumiram bebidas alcoólicas em demasia, e acabaram discutindo.

"Ele [suspeito] me falou que ela pulou pela janela, e isso também foi afirmado pela vítima [informalmente no hospital]. Agora, precisamos aguardar ela ter alta para prestar depoimento oficialmente na delegacia", acrescentou o defensor.

O delegado João Batista Pires Blasi, de Guarulhos, avalia o caso como "extremamente controverso", por causa dos depoimentos prestados pela manicure e pelo motorista, quando foram localizados por investigadores no hospital.

"A vítima falou, ainda no hospital, que foi dela a iniciativa de se precipitar pela janela, a mesma versão contada pelo suspeito", afirmou o delegado.

Porém, após a polícia ter acesso às imagens, feitas por um celular, as versões do casal passaram a gerar desconfiança. O delegado apura se o suspeito não aproveitou que ficou a sós com a mulher, antes da chegada da polícia, para supostamente combinar uma mesma versão do caso com ela.

De acordo com as imagens, a manicure está com o corpo sem coordenação, aparentemente quase inconsciente. Primeiramente ela fica pendurada, até a cintura, na janela. Depois disso, ela cai. Neste instante, a cabeça de uma pessoa aparece.

Antes de atingir o chão, a vítima teve a queda amparada por fios de um poste. Isso, segundo Blasi, teria ajudado para que a mulher não se ferisse com gravidade.

"Vendo o vídeo, sem ouvir o relato dos envolvidos, parece em um primeiro momento que a mulher foi jogada pela janela. Mas com o depoimento deles, há a versão de que a mulher tentou se jogar e o homem a salvar", acrescentou Blasi.

O delegado da Grande São Paulo pontuou ainda incongruências no depoimento do motorista, que, de acordo com o delegado, também omitiu uma informação.

A primeira inconsistência, explicou o policial, é o fato de o suspeito afirmar que estava a cerca de três metros de distância da vítima, quando ela supostamente teria pulado pela janela. "Ele não teria como impedir a queda dela, desta distância. Mas o aspecto controverso é sobre a continuidade da queda, pois, quando ela ocorre, o rosto dele aparece de pronto na janela", destacou Blasi.

O motorista, ainda de acordo com a polícia de Guarulhos, também teria omitido que saiu do imóvel, acelerando seu carro em alta velocidade, momentos antes de a mulher ter caído pela janela. Não foi ainda esclarecido para onde ele teria ido naquele momento.

O casal estava junto há cerca de dois meses e moravam na mesma casa há 15 dias, acrescentou o policial.

Em audiência de custódia, nesta quinta, o juiz Luciano de Moura Cruz, do Tribunal de Justiça de São Paulo, decidiu manter o motorista preso preventivamente.

O magistrado alega em seu parecer que o suspeito "não teria tempo suficiente para aparecer nas imagens do vídeo", com base no depoimento dele de que estava a cerca de três metros de distância da vítima.

"O autuado disse que a vítima teria encostado na janela e pulado. Contudo, as imagens indicam que a ofendida teria sido arremessada contra a janela antes de sua queda", destacou o juiz.

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