Descrição de chapéu cracolândia

Lojistas protestam contra fluxo da cracolândia na Santa Ifigênia, em SP

Cerca de cem comerciantes pediam controle de usuários de drogas que se fixaram na área, um dia após saques e quebra-quebra

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São Paulo

Lojistas da região da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, protestaram na manhã desta quinta-feira (7) contra a concentração de usuários da cracolândia na área, conhecida pela venda produtos eletroeletrônicos.

Às 9h, cerca de cem comerciantes se reuniram no cruzamento da rua Santa Ifigênia com a rua dos Gusmões. Escoltados por quatro policiais militares, o grupo observava a peregrinação dos usuários, que vinham, em sua maioria, da rua dos Gusmões, onde o fluxo —nome dado para a concentração de dependentes— se instalou desde a última terça-feira (5).

Um vendedor aconselhou curiosos que acompanhavam a situação a voltarem para casa.

Papel pregado em poste diz: Mais segurança para os moradores da Santa Ifigênia"
Cartaz de protesto afixado na Santa Ifigênia, no centro de SP, durante manifestação pedindo mais segurança para conter a cracolândia - Danilo Verpa/Folhapress

Ao lado da única viatura da PM no local, um grupo de vendedoras relatou insegurança. Uma delas, mãe de duas crianças que estudam na região, afirmou que os filhos choram todos os dias com a correria para desviar dos usuários. Outra disse que não consegue mais abrir a loja onde trabalha, na rua General Osório.

Por volta das 9h50, o grupo de lojistas começou a gritar palavras de ordem, como "queremos trabalhar" e "Santa Ifigênia não é cracolândia". Com o coro, o grupo se uniu e direcionou sua atenção para outros comerciantes que não se empolgaram com o protesto. "Vem todo mundo", entoavam os manifestantes. "Não acredito que estão fazendo essa palhaçada, vão trabalhar", gritou um vendedor de dentro da sua loja.

Próximo à avenida Rio Branco, várias lojas estavam abertas, e as calçadas, cheias. Eram lojistas que viam a manifestação dos colegas com desconfiança. "A Santa Ifigênia não para. Esquece isso de fechar loja", disse Jonathan Sumaquera, vendedor de eletrônicos.

Algumas pessoas transitavam com pedaços de ferro e madeira. Um homem segurava uma barra de ferro e disse que a usaria para se proteger.

Os manifestantes seguiram para a rua Aurora, onde dois policiais militares observavam.

Após a manifestação, não havia certeza sobre o retorno do comércio. "Ontem [quarta-feira, 6], eu estava com cliente na loja e tive que fechar, eles ficaram morrendo de medo", disse Vanessa Bichara, lojista na Santa Ifigênia há 20 anos. "A gente pensa até em sair daqui, mas como? Foi difícil construir a minha clientela", completa.

Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, diz que a situação do comércio na Santa Ifigênia preocupa, mas a atenção deve ser para a vida e saúde de todos, inclusive dos usuários. "O que acontece na Santa Ifigênia é consequência da péssima política de saúde pública na cidade. Estamos preocupados com o risco para todos."

À tarde, por volta das 16h, a GCM foi acionada para conter dependentes que, segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, iniciaram a "a depredação de paradas de ônibus e tentaram parar alguns veículos de transporte coletivo na tentativa de quebrá-los".

O grupo, disse a pasta, seguia pela avenida Rio Branco em direção à rua General Osório.

O fluxo da cracolândia já ocupou diversas ruas da região do centro de São Paulo desde a ação policial que dispersou usuários de drogas que se concentravam na praça Princesa Isabel, há quase dois meses.

Na última terça-feira, o fluxo migrou para a rua dos Gusmões, próximo à avenida Rio Branco. Entre a madrugada e manhã desta quarta (6), comércios foram saqueados. Houve quebra-quebra e confronto.

A prefeitura disse em nota que uma patrulha do grupo de operações especiais da GCM (Guarda Civil Metropolitana) avistou grupos de pessoas tentando invadir três lojas. Quatro pessoas foram presas. Na tentativa de fuga, um dos homens se feriu e foi socorrido pelos agentes da GCM.

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