PM suspeito de atirar em campeão de jiu-jítsu se entrega e é preso

Há 5 anos, policial já havia sido acusado de agressão e desacato em uma casa noturna de SP; Leandro Lo morreu após ser atingido por tiro na cabeça

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São Paulo

O tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira, 30, entregou-se na Corregedoria da corporação na noite deste domingo (7) e foi preso. Ele é suspeito de matar o lutador de jiu-jítsu Leandro Lo, 33, com um tiro na cabeça durante um show do grupo Pixote, no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo. O atleta teve a morte cerebral constatada.

Segundo o Cemitério do Morumby, Leandro Lo será velado nesta segunda (8) em cerimônia restrita a familiares.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, o tenente seria levado para o 17º DP (Distrito Policial), do Ipiranga, para ser ouvido e, em seguida, ao Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte. Mais tarde, a polícia decidiu que ele iria direto para prisão. A parir desta segunda-feira (8), o caso será investigado pelo 16º DP.

O policial militar se entregou depois de a Justiça decretar, no fim da tarde deste domingo, a sua prisão temporária de 30 dias.

A reportagem tentou contato durante todo o dia com a defesa do tenente. Na delegacia, um advogado que se apresentou como defensor do PM, na noite deste domingo, recusou-se a falar com a imprensa e não deu informações sobre o caso.

O suspeito de ter disparado o tiro estava de folga no momento do crime. O advogado da família de Lo, Ivã Siqueira Junior, afirma que, segundo testemunhas, os dois se desentenderam após Oliveira entrar na roda de amigos de Lo, pegar uma garrafa de bebida e começar a chacoalhá-la. Ele estaria encarando o lutador, como forma de provocação.

O campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Pereira do Nascimento Lo, de 33 anos, foi baleado numa festa dentro do Clube Sírio, no bairro de Indianópolis, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada deste domingo (7). Segundo o advogado do lutador, já está confirmada a morte cerebral do atleta.
O campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Pereira do Nascimento Lo, de 33 anos, foi baleado numa festa dentro do Clube Sírio, no bairro de Indianópolis, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada deste domingo (7). Segundo o advogado do lutador, já está confirmada a morte cerebral do atleta. - Reprodução/Instagram

​Lo teria, então, derrubado o homem e o imobilizado. Outras pessoas se aproximaram e separaram a briga, sem ter havido agressões, segundo relatos de testemunhas às quais o advogado da família teve acesso.

O homem teria, então, sacado uma arma e, de frente para Lo, atirado uma única vez na cabeça do lutador, que foi atingido na testa. O atirador teria ainda chutado duas vezes a cabeça de Lo, enquanto este estava caído no chão, segundo colegas do campeão mundial.

Lo chegou a receber os primeiros socorros de um médico no local, que buscou reanimá-lo e, em seguida, foi levado ao Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, na zona sul.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirma que a Polícia Militar lamenta o ocorrido. "A instituição instaurou uma apuração administrativa e colabora com as buscas para localizar o autor", informa o órgão.

Histórico do policial

O tenente da PM Henrique Otavio Oliveira Velozo já tinha no histórico o envolvimento em outra confusão há cinco anos. Na época, ele foi acusado por outros policiais de agressão e desacato em uma casa noturna da capital.

Segundo a denúncia recebida pela 1ª Auditoria da Justiça Militar, no dia 27 de outubro de 2017, por volta das 4h20, Velozo estava na casa noturna The Week, na Lapa, zona oeste, de folga, quando praticou violência contra outro oficial de nível hierárquico inferior, ao desferir socos em um soldado que havia sido chamado para atender a uma ocorrência no local.

Segundo a acusação, PMs foram acionados ao endereço após Velozo se envolver em uma confusão no interior da balada. Ele alega que apenas agiu para separar sete pessoas que agrediam a um primo seu. ​

"Em dado momento, o soldado [a reportagem suprimiu o nome do policial] se afastou do denunciado e esticou o braço, em nítida intenção de mantê-lo a distância. Neste instante, o tenente Velozo desferiu um soco no braço do soldado. Em seguida, o denunciado desferiu outro soco, visando acertar o rosto soldado", cita trecho da denúncia.

Se mostrando "exaltado" e "nervoso", Velozo teria então passado a agredir verbalmente um outro tenente que chegou ao local, dizendo: "você é meu recruta", "seu covarde", além de diversos palavrões.

O Ministério Público optou pela condenação de Velozo por ter praticado violência contra inferior, pelos socos dados contra o soldado, e por desacato. No entanto, o tenente foi absolvido das duas acusações. Houve recurso da decisão, e o processo está em análise na segunda instância no Tribunal de Justiça Militar de São Paulo.

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