Bombeiros são chamados para combater incêndio em casa de repouso em SP e encontram 6 corpos

Cinco vítimas apresentavam rigidez cadavérica e uma estava carbonizada, segundo a corporação

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São Paulo

Bombeiros foram chamados na manhã deste sábado (10) para combater um incêndio em uma casa de repouso na rua Phobus, em São Mateus, na zona leste de São Paulo, e ao chegarem ao local encontraram seis corpos —de uma cuidadora e cinco pacientes— e o fogo quase extinto.

De acordo com a corporação, cinco vítimas apresentavam rigidez cadavérica, o que pode indicar que a morte já teria ocorrido há algum tempo. Uma das vítimas teve o corpo carbonizado. Outras duas mulheres precisaram ser socorridas após inalarem fumaça. Uma delas está em estado grave e a outra encontra-se estável. A casa de repouso funcionava ilegalmente, segundo a polícia.

Quarto da Casa de Repouso Lar da Vovó. Bombeiros dizem acreditar que o incêndio que deixou seis mortos começou neste cômodo durante a madrugada
Quarto da Casa de Repouso Lar da Vovó. Bombeiros dizem acreditar que o incêndio que deixou seis mortos começou neste cômodo durante a madrugada - Polícia Civil/Divulgação

De acordo com o tenente Queiroz, que atendeu a ocorrência, o fogo começou no quarto dos fundos do imóvel em que funcionava a Casa de Repouso Lar da Vovó. As chamas consumiram o cômodo e a fumaça se espalhou pela residência. O fogo teria começado ainda de madrugada, mas os bombeiros só foram chamados por volta das 7h30.

As vítimas, segundo a polícia, são a cuidadora Adriana dos Santos Souza, 39, e os pacientes: Arturo Loureiro Perez (sem idade confirmada), Terezinha Barbosa Ribeiro, 81, Sonia Pinho Silva, 71, Adelson Alexandre Gino, 62, e Luciane Avelina Chaves, 42.

Luciane Avelina chaves, 42, é uma das vítimas do incêndio
Luciane Avelina Chaves, 42, uma das vítimas do incêndio - Arquivo pessoal

Segundo a delegada, Juliana Rait Barbosa Menezes, do 49º DP (São Mateus), a casa de repouso funcionava ilegalmente no local há cinco meses e os donos já haviam mudado a clínica de endereço pelo menos quatro vezes desde 2020.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a casa de repouso não possui o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que o local não possui licença de funcionamento sanitário.

O "Lar da Vovó" tinha pelo menos cinco funcionários, que trabalhavam em regime de plantão, segundo a delegada. Destes, três mulheres haviam sido contratadas recentemente. A cuidadora que morreu no incêndio, Adriana dos Santos Souza, estava em seu primeiro dia de trabalho.

A Polícia Civil aguarda os laudos da perícia para apontar se há um responsável pelo incêndio e se alguém será indiciado pelas mortes.

Peritos chegam à casa de repouso Lar da Vovó, na zona leste SP
Peritos chegam à casa de repouso Lar da Vovó, na zona leste SP, após incêndio que deixou 6 mortos na manhã deste sábado (10) - Matheus Moreira/Folhapress

A responsável pela casa de repouso esteve no 49° DP na manhã deste sábado, onde prestou depoimento e saiu sem falar com a imprensa. A Folha ainda abordou o advogado que a acompanhava na delegacia, mas ele também não quis se pronunciar.

Segundo Menezes, a responsável pelo Lar da Vovó, cujo nome não foi divulgado, confirmou em depoimento que o local funcionava sem autorização.

"Ela explicou que estava num processo ainda aguardando, parece que esse lar de idosos acontecia numa outra residência que tinha alvará de funcionamento. Em razão da pandemia, eles mudaram de endereço algumas vezes, mas não tinha alvará nem licença dos bombeiros", disse a delegada.

Parentes de vítimas que falaram com a Folha relataram que não tinham queixas da clínica e que os pacientes eram bem tratados.

Gelta Maria Meneguim Wonraht, 65, sobrinha de Erzomira da Conceição Clemente, 103, que sobreviveu ao incêndio e segue internada em estado grave, disse que a tia vivia na casa de repouso há cerca de dois anos e gostava muito do local. "A clínica era ótima. Nunca tivemos problemas. Não tenho do que reclamar", disse.

Ela confirmou que a casa de repouso já havia mudado de endereço ao menos três vezes desde que a tia começou a viver lá.

A cabeleireira Thais Cristina Pinho, 44, que perdeu a mãe no incêndio, disse que sabia que o local não tinha licença para funcionar, mas afirmou que a mãe era muito bem tratada no local.

Luciane Avelina Chaves, tinha síndrome de Down e vivia há dois anos em clínicas administradas pelos mesmos donos. A irmã dela, Lucimara Avelina Chaves, 54, foi avisada sobre a morte pelos proprietários da casa de repouso. "Minha irmã estava muito bem de saúde, não tinha nada. Eu não estava esperando por isso", disse.

A outra sobrevivente, Maria da Conceição Ramos, 74, foi socorrida, já recobrou a consciência e chegou a falar com a polícia.

"Ela está bem. Ficamos sem rumo, atordoados. Eu me coloco na situação dos outros parentes que perderam seus familiares", disse Weverton Luiz Ramos, 32, filho de Maria.

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