Estupros de vulnerável crescem no estado de SP em 2022

Casos de janeiro a setembro já ultrapassam o número registrado no mesmo período de 2019, antes da pandemia

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São Paulo

O número de estupros de vulneráveis do sexo feminino aumentou 11,7% entre janeiro e setembro deste ano no estado de São Paulo na comparação com o mesmo período de 2019. Com isso, os registros em 2022 já superaram o patamar pré-pandemia.

Os dados são da SSP (Secretaria da Segurança Pública) e foram atualizados nesta terça (25).

Cartazes exibidos durante protesto contra a violência sexual em São João do Meriti (RJ)
Cartazes exibidos durante protesto em São João do Meriti (RJ) contra a violência sexual - Eduardo Anizelli - 13.jul.22/Folhapress

Devido à pandemia de Covid-19 e a implementação de medidas de restrição da circulação, as notificações de crimes sexuais recuaram em 2020 e 2021—em parte porque muitas vítimas acabaram ficando confinadas em casa com os agressores.

Entre janeiro e setembro de 2019, foram registrados 6.261 estupros de vulnerável no estado. O número caiu para 5.725 em 2020 e 6.207 no ano passado, sempre na comparação dos primeiros nove meses do ano. Agora em 2022 foram 6.998 casos.

Há três possibilidades para um caso ser classificado como estupro de vulnerável: a vítima ter menos de 14 anos; ela não ser capaz de oferecer resistência (por exemplo, se estiver dopada); e se ela não tiver o discernimento necessário para consentir com o ato sexual devido a uma enfermidade ou deficiência mental.

Na capital do estado, o aumento foi ainda mais acentuado, com um crescimento de 15,7% entre 2022 e 2019 —foi de 1.222 casos para 1.415.

"Este aumento é preocupante. Diante dessa situação bastante ativa e gravosa, é importante que, como sociedade e instituições, nos esforcemos para mudar isso", disse a juíza Teresa Cristina Cabral, da Comesp (Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar) do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A magistrada atribui o aumento da violência sexual contra a mulher à ausência de políticas públicas específicas sobre o assunto. "Violência de gênero é um problema complexo. Sem políticas públicas direcionadas, a diminuição da violência, digamos, acaba não acontecendo."

A SSP afirmou que a maioria dos casos de estupros de vulneráveis ocorreram em contexto privado, tendo como suspeitos pais, padrastos e avôs das vítimas. A pasta acrescentou que os registros dos crimes podem ocorrer com meses de atraso. Como exemplo afirma que 41%, dos 830 registros de setembro deste ano, teriam ocorrido "em meses anteriores."

Além do aumento de estupros de vulnerável, o número de mulheres assassinadas no estado entre janeiro e setembro deste ano também subiu na comparação com os últimos dois anos. Com isso, ele voltou ao mesmo patamar de 2019, no pré-pandemia.

No mesmo período de 2019, foram registrados 300 homicídios de pessoas do sexo feminino. Em 2020, foram 257 mortes, e em 2021, 263. Agora em 2022 já são 305.

Uma das vítimas recentes foi Thalia Karoline Andrade do Nascimento, 25, morta a facadas no último sábado (22) em sua casa no município de Taboão da Serra, na Grande São Paulo. O principal suspeito pelo crime é seu companheiro. Segundo a polícia, ele está foragido e ainda não indicou advogado.

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