Descrição de chapéu Obituário Marco Aurélio da Ros (1950 - 2022)

Mortes: Deixa legado na defesa à saúde pública brasileira

Durante 34 anos, Marco Aurélio da Ros formou médicos e moldou cidadãos na Universidade Federal de Santa Catarina

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São Paulo

Marco Aurélio da Ros, professor aposentado do curso de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, era um homem de tantas palavras quanto ensinamentos profundos.

O profissional lecionou no departamento de saúde pública do Centro de Ciências da Saúde da universidade catarinense durante 34 anos, de 1977 a 2011.

Sempre gentil e atencioso, ele se tornou sinônimo de defesa ao pleno acesso à saúde no país.

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Marco Aurélio da Ros (1950-2022) - Divulgação/ Associação Brasileira de Saúde Coletiva

Marcão, como era conhecido pela comunidade acadêmica, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 2 de maio de 1950. Sua formação começou em 1970, quando ingressou na graduação em medicina, na Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul.

Formado em 1975, logo iniciou especialização em saúde comunitária na unidade sanitária da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul.

Ávido por conhecimento, em 1977 especializou-se em saúde pública pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul e, em seguida, já começou a lecionar na Universidade Federal de Santa Catarina.

O título de mestre em saúde pública veio em 1991, na Fundação Oswaldo Cruz.

Apaixonado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), o professor dedicou boa parte de sua vida a defendê-lo com ímpeto. Ele atuou como ativista por um sistema de saúde universal desde a ditadura militar (1964-1985).

Nos diversos congressos para os quais era convidado, dizia ser o SUS um patrimônio público que a população não defende. A falta de valorização da saúde pública era sua principal frustração e tema constante nas inúmeras aulas que lecionou.

Vinícius Ximenes, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, instituição para a qual Marco emprestou seu conhecimento, diz que o professor "ousou em discutir temas, com elegância e a gentileza de sempre, mas nunca abandonando o pensamento crítico".

Além de profissionais da medicina, Marco desejava formar cidadãos críticos e preparados para, segundo ele, a maior luta de qualquer um que trabalhe com saúde: expandir o justo atendimento a todos os lugares e pessoas.

Foi enérgico na defesa aos profissionais cubanos que integraram o programa Mais Médicos e foram posteriormente retirados do país. Não entendia como uma nação tão desigual poderia recusar qualquer tipo de auxílio.

Além da docência, integrou a Comissão da Memória e Verdade da Universidade Federal de Santa Catarina, criada para apurar e identificar atos arbitrários, violentos e de cerceamento das liberdades individuais e dos direitos humanos que atingiram a comunidade da universidade no período militar.

Marco Aurélio da Ros morreu, aos 72 anos, no último dia 16 de novembro. Ele deixa filhos e netos, além de um forte legado em defesa da saúde pública brasileira.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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