Descrição de chapéu Rio de Janeiro LGBTQIA+

Mulher trans fica com bala alojada no rosto após ser atacada em Niterói (RJ)

Nycolle Dellveck diz ser vítima de transfobia e intolerância religiosa; ela levou tiros quando fazia oferenda

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Rio de Janeiro

Uma mulher transexual de 25 anos levou um tiro no rosto na última segunda-feira (21) em Niterói, no Rio de Janeiro, e ainda está com a bala alojada. Nycolle Dellveck, 25, registrou boletim de ocorrência por tentativa de homicídio e diz ter sido atacada por transfobia e intolerância religiosa.

Até a tarde desta sexta-feira (25), o suspeito de ter atirado ainda não havia sido preso. Questionada, a Polícia Civil não informou se havia mandado de prisão para ele.

detalhe de hematoma em rosto de mulher trans
A trans Nycolle Dellveck, 25, com hematomas no rosto, ficou com uma bala alojada no maxilar, após ser vítima de tiro em Niterói (RJ) - Arquivo pessoal

Segundo a estudante Giselly Pinto de Sá, 23, irmã da vítima, o conflito que culminou no crime começou no sábado (19), na praça São João, no centro.

No dia, um mototaxista teria se recusado a atender Nycolle e uma amiga, também transexual. "Ele disse que 'não levaria viado' em sua garupa", conta a irmã.

Na segunda-feira, Nycolle foi então abordada na rua pelo pai do mototaxista. À reportagem, por mensagem de áudio, vítima contou que é praticante do candomblé e que na hora fumava um cigarro em oferenda a Exu.

"Ele veio pra mim e perguntou: 'Ah, você gosta de fazer macumba? Você está bem protegida?' Eu falei que graças a Deus e aos meus orixás eu estou protegida. Ele deu a volta, foi lá no ponto do mototáxi, botou o filho dele pra pilotar a moto e ele veio na garupa. Nessa que levantei a cabeça, tomei um tiro", conta Nycolle.

A vítima correu para escapar do segundo tiro. Com os gritos dos vizinhos, os dois fugiram de moto.

Nycolle foi internada no Hospital Estadual Azevedo Lima, de onde recebeu alta na quarta-feira (23), sem conseguir retirar a bala do maxilar, contudo. "O médico disse que não precisa de cirurgia", relata a irmã.

Durante a internação, segundo a irmã, o atirador enviou mensagens dizendo que não temia prisão e que pretendia terminar o que começou.

A delegada Natacha Alves de Oliveira informou que os suspeitos do crime ainda não foram interrogados, mas que, para não atrapalhar a investigação, não poderia repassar mais informações.

Em nota, a Polícia Civil disse que a ocorrência foi registrada na 78ª DP (Fonseca) como tentativa de homicídio provocado por projétil de arma de fogo e está sendo encaminhada para a 76ª DP (Niterói), unidade da área onde ocorreu o crime, que dará prosseguimento à investigação.

A irmã conta que Nycolle já foi agredida em outra ocasião por transfobia.

"Um carro parou quando ela estava perto da favela que a gente morava. Uns três ou quatro caras botaram ela pra dentro do carro e machucaram ela. Cortaram o cabelo dela e depois a largaram pela BR."

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