Descrição de chapéu Alalaô

Alta em despesas pressiona blocos no Carnaval de Belo Horizonte

Organizadores recorrem a promoção e vaquinha para fechar as contas

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Belo Horizonte

Fera Neném, Passa Lá no RH, Carnapet, Angola Janga. O primeiro Carnaval pós-pandemia em Belo Horizonte vai ter blocos que misturam folia com diversão para a família, conscientização social e a imprescindível irreverência.

Em 2023, 493 blocos estão cadastrados para desfilar pelas ruas das nove regionais da capital mineira. O público esperado é de 5 milhões de pessoas, com movimentação financeira prevista pela prefeitura em R$ 600 milhões. As estimativas consideram o chamado período carnavalesco, que começou no sábado (4) e vai até 26 de fevereiro.

A foto mostra o bloco Faraó, em desfile na região central de Belo Horizonte no carnaval de 2020.
Desfile do Bloco Faraó, no último carnaval antes da pandemia, em 2020, na Praça Sete, região central de Belo Horizonte. Expectativa é que em 2023 a ocupação da rede hoteleira da cidade no período fique entre 90% e 100% - Bloco Faraó/Divulgação

Os números são maiores do que os do Carnaval de 2020, o último antes da pandemia, quando 347 blocos saíram pela cidade e 4,4 milhões de foliões participaram da festa. Em 2020 não houve uma estimativa de movimentação financeira por parte da prefeitura.

Com um Carnaval que, pelos números, promete ser o maior na cidade até aqui, foliões e comerciantes estão animados. Já organizadores dos blocos andam com a calculadora nas mãos para fechar as contas.

Preços como o do aluguel de caminhões utilizados como trios elétricos dobraram em relação a 2020, pressionados principalmente pela alta do diesel. O combustível é usado também nos geradores de energia que acompanham a apresentação das bandas.

Em fevereiro de 2020, o preço médio do diesel no Brasil era de R$ 3,007. Já atualmente está em R$ 6,39 hoje, uma alta de 100,85%.

"Um caminhão de porte médio, que custava R$ 15 mil em 2020, passou para R$ 30 mil", afirma um dos coordenadores do bloco Afro Angola Janga, Lucas Jupetipe.

Apesar dos custos que pressionam os blocos, no setor do comércio, levantamento da CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) mostra que mais de 74,8% dos comerciantes, prestadores de serviço e representantes da rede hoteleira estão otimistas em relação ao Carnaval deste ano.

Outro levantamento da entidade, este feito com consumidores, aponta que 77% dos foliões vão comprar fantasias e adereços para a festa. Nas enquetes, foram ouvidos 305 empresários e 200 consumidores.

"Apesar da inflação e dos juros altos, e a gente reclama sempre disso, a movimentação econômica está ocorrendo", afirma o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva.

O Sindihbares-BH (Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Belo Horizonte) afirma que a ocupação dos hotéis ficará entre 90% e 100%. "Os hotéis econômicos já estão lotados", conta o presidente da entidade, Paulo Cesar Pedrosa.

Entre os foliões, a animação também pode ser medida pelos desfiles pré-carnavalescos que acontecem na cidade desde o dia 4. Só no último fim de semana, 47 blocos saíram pelas ruas.

A educadora Clênia Carvalho, 47, participou nesta terça (14) do ensaio do bloco Unidos do Samba Queixinho. "As pessoas estão muito ansiosas, é um momento de compartilhamento das ruas que não vem acontecendo", afirma.

Segurança e som em alta

Mas não foi só o preço do diesel que subiu. Jupetipe, do bloco Afro Angola Janga, conta que a diária de seguranças passou de R$ 100 para R$ 200. Para ele, além da inflação, depois dos anos parados, há quem esteja querendo "tirar o atraso", aumentando o preço dos serviços.

O bloco, que reúne cerca de 100 mil pessoas em seus desfiles, conseguiu recursos via editais da prefeitura, mas não o suficiente para cobrir todos os custos.

A saída foi realizar promoções. O folião que pagar R$ 1.000 vai levar uma camisa do bloco e o direito de permanecer por 15 minutos com acompanhante junto à banda no trio elétrico do bloco. "Também corremos o chapéu nos ensaios", conta.

Já o bloco Asa de Banana, que desfilou no domingo (12), durante o pré-Carnaval, fez uma vaquinha online para ajudar nas despesas. "Faltavam R$ 5.000 e conseguimos o dinheiro", diz Marcelo Melo, organizador do bloco.

Para ele, também pesou na conta a alta no preço do aluguel de equipamento de som, que passou de R$ 1.000, em 2020, para R$ 2.500 neste ano.

Uma década de folia

O crescimento do Carnaval de rua de Belo Horizonte ocorreu a partir de 2013, quando houve um aumento expressivo no número de blocos. Antes, a folia na capital mineira se concentrava no sábado anterior ao feriado, basicamente com o desfile de um bloco, a Banda Mole, criado nos anos 1970.

Nos demais dias de folga, os moradores da cidade costumavam viajar para praias ou para o interior do estado, onde havia um Carnaval mais movimentado, como nas cidades históricas de Ouro Preto e Diamantina.

Atualmente, além dos blocos, há festas fechadas, com a cobrança de ingressos, durante o Carnaval em Belo Horizonte. Um desses eventos neste ano terá, inclusive, a presença de uma das principais estrelas do carnaval baiano, Ivete Sangalo. O ingresso mais barato para o festival custa R$ 195 mais taxas.

A pesquisa da CDL-BH, porém, aponta a preferência majoritária dos foliões pelo Carnaval de graça, nas ruas. Segundo o levantamento, apenas 14,1% afirmam que vão participar de festas particulares.

Carnaval imperial

Neste ano, quem escolher passar o Carnaval em Ouro Preto vai encontrar uma mistura de desfiles de blocos tradicionais —como o Bandalheira, criado em 1972— com festas particulares organizadas pelas repúblicas de estudantes da Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto).

No domingo (19), em um dos eventos fechados, haverá apresentação da cantora Luísa Sonza. As vendas ocorrem por pacotes, com ou sem hospedagem nas repúblicas, com preços a partir de R$ 1.790.

Neste ano, o tema da folia no município histórico será Carnaval Imperial 2023, em homenagem aos 200 anos do título de Imperial Cidade, concedido por Dom Pedro 1º em 1823, o que a transformou oficialmente na capital da província de Minas Gerais.

Além dos blocos e festas, Ouro Preto terá shows gratuitos em quatro pontos da cidade e em sete distritos.

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