Até 2019, era possível observar em qualquer bloquinho promoções de três cervejas por R$ 10. Em 2022, quando as ruas do Rio de Janeiro voltaram a ser ocupadas pelo Carnaval, a adorada promoção já vinha se tornando mais incomum.
Em 2023, contudo, o oficial se tornou "3 por R$ 12". Praticamente todos os ambulantes seguem o mesmo preço.
"Tudo subiu. Antigamente tu comprava uma caixa com 15 Brahmas por R$ 27. Hoje eu compro por R$ 35,85", explica a vendedora Ana Paula Neves dos Santos, 39.
Para ela, os preços dos ambulantes já estão no limite do lucro e, portanto, nem adianta chorar por um precinho camarada.
Após ter subido 0,88% em dezembro, a cerveja ficou 1,74% mais cara em janeiro. Nos últimos 12 meses, a evolução de preços da bebida foi de 10,50%, segundo a coluna Vaivém das Commodities.
A única pessoa que pareceu conseguir burlar a inflação da cerveja no bloco Bangalafumenga foi Igor de Moraes, 36, que anunciava a clássica "3 por 10" enquanto puxava seu isopor repleto de gelo em um carrinho de ferro enferrujado.
"Se você rodar esse bloco todo, de ponta a ponta não vai ver ninguém com esse preço", afirma, confiante.
Seu segredo, explica, está em comprar as cervejas que a distribuidora não consegue vender. Aquilo que encalha, ele promete liquidar nas ruas carnavalescas.
"Quinze [latas de] Brahma tá R$ 36, mas eu compro por R$ 32", conta ele.
Seu único problema, relata, é a repressão da Guarda Municipal. Para não ter o material apreendido, ele precisa fazer diferente dos ambulantes que tem aval da prefeitura: enquanto estes ficam parados onde acham mais confortável, Igor tem que se manter em movimento o tempo todo.
"Se levarem minhas coisas, como é que eu pago a distribuidora depois?", questiona.
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