Duas artistas indígenas de diferentes regiões do país foram convidadas pela Folha a retratar em imagens o drama do povo yanomami.
O crescimento e a consolidação do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, provocaram uma crise humanitária, sanitária e de saúde entre os indígenas, com a explosão de casos de malária, desnutrição grave e outras doenças associadas à fome.
Conheça as artistas:
RENAYA DOREA
Renaya Dorea cresceu em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. É formada em artes e design pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), em Minas Gerais, e em fotografia expandida pela EAV (Escola de Artes Visuais do Parque Lage), no Rio de Janeiro. Também estudou TV e novas mídias na EICTV (Escola Internacional de Cinema e Televisão, em português), de Cuba.
Neta e tataraneta de indígenas, Renaya se identifica como "artivista" multidisciplinar afro-indígena. Seu trabalho dialoga com as poéticas da diáspora africana por meio da autorrepresentação de mulheres afrolatinas em múltiplas linguagens —ilustração, cinema, grafite, pintura e design.
É integrante da Apan (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro) e cofundadora do Coletivo Descolônia, que pesquisa e produz arte pensando o processo de descolonização.
A artista é também diretora e produtora do documentário "Afrodites" (2016) e do curta "Suellen e a Diáspora Periférica" (2020), vencedor do prêmio Arte Como Respiro, do Itaú Cultural. É, ainda, idealizadora do projeto #sereiasdamata, com o qual já pintou mais de 80 murais de sereias negras pelo Brasil.
Mora entre Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, e trabalha como designer para o Blogueiras Negras.
MOARA TUPINAMBÁ
Moara Tupinambá é indígena de ascendência tapajônica, da região de Santarém (PA). Nasceu em Belém e vive há dez anos em São Paulo.
Artista visual e ativista da causa indígena, expõe seus trabalhos desde 2015, quando começou a estudar os povos originários.
Faz parte do coletivo Mulheres Artistas Paraenses, é sócia do Colabirinto, um espaço colaborativo de arte contemporânea, e vice-presidente da associação multiétnica Wyka Kwara.
Radicada em Campinas (SP), Moara utiliza desenho, pintura, colagens, vídeo-entrevistas, fotografias e literatura em suas criações. Sua poética percorre memória, identidade, ancestralidade, resistência indígena e pensamento anticolonial.
Foi uma das vencedoras do 8º Prêmio Artes Tomie Ohtake, em 2022, e do 67º Salão Paranaense de Arte Contemporânea, em 2020.
É comunicóloga, formada pela UFPA (Universidade Federal do Pará). Atualmente pesquisa sobre sua memória familiar e identidade indígena a partir dos processos violentos da colonização.
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