Descrição de chapéu Folhajus chuva

Justiça autoriza Governo de SP a remover à força pessoas em áreas de risco em São Sebastião

Gestão Tarcísio consegue liminar que permite atuar caso morador não queira deixar suas casas em locais com risco de deslizamentos ou desastres

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São Paulo

A Justiça de Caraguatatuba concedeu nesta quarta-feira (22) uma liminar (decisão provisória) que permite a remoção compulsória de pessoas que vivem em áreas de risco em São Sebastião, cidade fortemente afetada pelo temporal que atingiu o litoral paulista no sábado (18) e no domingo (19).

O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo e pelo município de São Sebastião.

Em nota, o Governo de São Paulo afirmou que a medida judicial tem "caráter preventivo e provisório, devendo cessar tão logo a situação climática esteja favorável".

Bombeiros, exercito e voluntários trabalham no resgate de vítimas dos deslizamentos causados por forte chuva no último fim de semana em São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo. Na foto a praia de Barra do Sahy, a mais afetada da tragédia
Área devastada por deslizamento na Vila Sahy, a mais atingida pelo temporal do último fim de semana em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo - Bruno Santos - 21.fev.2023/Folhapress

A liminar é restrita a pessoas que não desejam deixar suas casas, mas que residem em locais com risco de deslizamentos ou desastres.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já havia dito nesta quarta que o governo estadual havia entrado com o pedido na Justiça.

"Ontem [terça] à noite nós ingressamos com uma ação na Justiça [...] para fazer, em último caso, a remoção contra a vontade das pessoas que estão em residência em áreas de risco", afirmou o governador.

Na decisão, o juiz Paulo Guilherme de Faria, da Vara de Caraguatatuba, considerou que o "desastre em andamento" no litoral paulista justifica a flexibilização do direito à moradia diante dos direitos à vida, à saúde e à segurança dos moradores de áreas de risco.

"A medida aqui determinada tem caráter preventivo e provisório, devendo cessar tão logo a situação climática esteja favorável. Ademais, ela deve ser usada como última ferramenta e aplicada apenas em face daquele que, estando em situação de risco real, se recusar a deixar sua residência", diz a decisão.

O juiz também diz que os governantes devem garantir a "dignidade aos moradores que serão retirados de suas casas" e "amparar os evacuados com alimentação e tratamento adequados, devendo o mesmo ser feito em relação a animais de estimação de propriedade destas pessoas".

Tarcísio disse a jornalistas que é difícil convencer alguns moradores a deixarem suas casas, mesmo que saibam do risco que correm.

"Imagina o seguinte: quem não tem nada, construiu aquela casa com sacrifício, a pessoa se apega àquela casa e não quer sair", exemplificou.

O governador reiterou que a medida de retirar pessoas de forma compulsória seria utilizada somente em último caso. O foco inicial é continuar com o trabalho de convencimento para as pessoas deixarem suas casas de forma espontânea e irem a abrigos. "Obrigar é muito complicado."

A chuva no litoral norte paulista causou ao menos 48 mortes, sendo 47 em São sebastião e uma em Ubatuba. Há, ainda, 36 pessoas desaparecidas, mas o número pode aumentar, já que há relatos de que pessoas estariam sob os escombros de estruturas que cederam.

O volume de chuva que atingiu as cidades de São Sebastião e Bertioga foi superior a toda precipitação acumulada em janeiro e fevereiro de 2022. Ou seja, choveu entre a madrugada de sábado e a noite de domingo mais do que em dois meses, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

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