Descrição de chapéu yanomami

PF faz diligência na terra indígena e aponta um yanomami morto e outro ferido por garimpeiro

Baleado, ferido foi encaminhado em estado grave para hospital em Boa Vista; corpo, não encontrado, foi levado por parentes

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Manaus

Uma equipe da PF (Polícia Federal) confirmou nesta terça (7) que um indígena yanomami foi morto e outro ficou gravemente ferido após um suposto ataque feito por garimpeiros invasores da terra indígena. O ferido foi levado do território a um hospital em Boa Vista.

Na segunda (6), policiais foram enviados à região de Homoxi para investigar uma denúncia que, inicialmente, apontava o assassinato de três jovens yanomamis por garimpeiros.

A denúncia foi feita por Júnior Yanomami, presidente do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena) dos Yanomami e Ye’kuana. Ele esteve na terra indígena acompanhando as ações de emergência em saúde pública, declarada pelo governo Lula (PT) no último dia 20.

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Imagem aérea do rio Mucajaí, tomada pelo garimpo, dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima - Lalo de Almeida/ Folhapress

In loco, os policiais confirmaram que houve um assassinato e outra tentativa de homicídio, que deixou o indígena em estado grave. Segundo agentes que estão a par das diligências, o corpo não foi encontrado porque teria sido levado por outros indígenas, conforme relatos colhidos no local.

O ferido precisou de transporte aéreo para ser socorrido e foi levado para um hospital em Boa Vista. Ele foi ferido no abdome por arma de fogo.

A suspeita é que os crimes tenham sido cometidos por garimpeiros do Homoxi. Os indígenas têm relação com a comunidade Haxiu.

O homicídio e a agressão ocorreram em meio a um processo de asfixia do garimpo ilegal, com controle do tráfego aéreo pela FAB (Força Aérea Brasileira) e promessa de operações de retirada de invasores. Com isso, existe um temor, entre policiais federais, de intensificação dos conflitos entre garimpeiros e indígenas.

Há, ainda, preocupação quanto às reações de garimpeiros em Boa Vista, no momento em que começar a avançar a retirada de invasores da terra indígena.

A região de Homoxi foi tomada por garimpeiros. Eles bloquearam a pista de pouso antes usadas por aeronaves da saúde indígena, passaram a impedir o acesso por ar das equipes médicas e tocaram fogo na unidade de saúde.

O controle do espaço aéreo, a maior presença do Estado e a decisão anunciada —ainda que sem data— de retirada dos garimpeiros da terra yanomami levaram a uma mobilização de grupos de invasores do território, que passaram a fugir do lugar ou a tentar fugir de alguma forma.

Os garimpeiros passaram, então, a enfrentar uma inflação nos preços dos voos clandestinos de helicóptero para deixar o território, cobrados pelos próprios garimpeiros detentores de aeronaves. Um único voo passou a custar R$ 15 mil por pessoa, conforme relatos de invasores levados em conta no monitoramento feito pela PF.

Parte dos garimpeiros tenta chegar à Venezuela, segundo integrantes da PF, e há movimentos de fuga voltados até mesmo para a Guiana, distante da terra indígena.

Um pedaço do território está na fronteira com a Venezuela. Uma das regiões mais atingidas pela crise de saúde, com explosão de casos de malária e desnutrição grave, é Auaris, que fica perto da fronteira. O garimpo ilegal de ouro avançou tanto, com a conivência e o estímulo do governo Jair Bolsonaro (PL), que chegou até comunidades de Auaris.

Garimpeiros estão tentando deixar a terra indígena também em barcos. Outros dizem estar ilhados, sem condições de sair do território e com mantimentos se esgotando.

Passaram a ser mais frequentes caminhadas pela mata –chamadas de varadouros– até pistas clandestinas, na expectativa de voos que permitam a fuga.

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