PM de folga é preso suspeito de atirar na cabeça de garçom na Vila Olímpia, em SP

OUTRO LADO: Defesa afirma que policial atirou após funcionário fazer movimento de que iria sacar uma arma

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São Paulo

Um policial militar de folga é suspeito de ter disparado três vezes em direção a um garçom na porta do bar em que a vítima trabalha, na rua Cavazzola, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Dois tiros atingiram a cabeça do funcionário. O crime ocorreu por volta das 20h50 de domingo (12).

A vítima, identificada como Henrique Gama de Sousa Meister Martins, 29, foi socorrida e levada para o Hospital Universitário, no Butantã, na zona oeste. De acordo com os responsáveis pelo Feirinha Bar, nesta segunda (13) ele seguia internado, estável e em recuperação.

O autor dos disparos é Herondi José da Silva —na base do Tribunal de Justiça Militar, ele consta como cabo. Silva foi preso na tarde de segunda após ser apresentado pela PM ao 96º DP (Brooklin), que investiga o caso. Na terça (14), o PM foi conduzido para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte, após a Justiça acatar o pedido de prisão temporária.

À Folha, o advogado Adib Abdouni, que defende o PM, disse que a confusão no bar teve início após fechamento da conta.

"Tomaram seis cervejas. Depois, pediram outro balde e sobraram três cervejas. Dessas três cervejas que sobraram, eles pediram a conta, e veio a garçonete e disse que não podia descontar as três cervejas que restaram no balde. Que não poderia abrir mão".

Ele também afirmou que o policial atirou após se sentir ameaçado, quando um dos funcionários do bar fez um movimento que sugeria que iria sacar uma arma.

Momento em que o autor de disparos, que veste camiseta azul marinho e bermuda jeans, atira contra o homem de camiseta azul
Momento em que o autor de disparos, que veste camiseta azul marinho e bermuda jeans, atira contra o homem de camiseta azul - Reprodução

Funcionários do bar, contudo, disseram à polícia que a discussão começou depois que a garçonete foi assediada por um amigo do policial.

Em depoimento, ela disse que atendeu a mesa em que estavam o policial e outros dois homens e que um deles tentou beijá-la a força. Ela, então, deixou o ambiente e relatou a situação para sua gerente, que decidiu encerrar a comanda do grupo.

Na sequência, ainda segundo o depoimento da mulher, o policial ficou alterado e iniciou uma discussão dentro do bar. Uma segurança foi acionada e, ao colocar a mão no ombro do homem, levou um soco na boca. O policial foi retirado do bar. Ele tentou agredir outro funcionário, que revidou, e o policial foi ao chão.

Ainda segundo o depoimento da garçonete, o policial se levantou e disse que voltaria para matar todos. Nesse momento ela viu que ele estava armado.

A garçonete relatou que Henrique se aproximou e ajudou a separar os envolvidos. Minutos depois, porém, o policial atirou em direção à cabeça de Henrique. Câmeras de monitoramento registraram o momento em que um homem vestido de azul, que seria o policial, chega, aponta o dedo em direção aos funcionários e efetua os disparos.

Conforme Abdouni, o PM foi arrastado para fora do bar por sete pessoas.

Sobre o momento dos disparos, o advogado afirmou que houve uma ameaça. "Quando a pessoa acenou que ia puxar uma arma, ele puxou a arma e atirou. Deu dois tiros".

Na sequência, ainda de acordo com Abdouni, o policial militar foi agredido e teve a arma levada.

"Ele tentou fugir, as pessoas foram atrás dele, derem uma rasteira nele, ele caiu no chão, baterem nele, e ele ficou desmaiado. Sumiram com a arma dele. Ela veio ser encontrada dentro de uma favela."

Segundo o advogado, o policial está internado no hospital da PM para tratar as lesões da agressão que sofreu.

Procurada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que a Polícia Militar acompanha o caso. A investigação segue em andamento com inquérito instaurado pelo 96º DP. As imagens captadas por câmeras de segurança foram solicitadas e todas as partes serão ouvidas novamente, diz a pasta.

Em nota, a Feirinha Bar lamentou o ocorrido e afirmou que imagens do circuito interno das câmeras de segurança serão fornecidas às autoridades.

"Repudiamos toda e qualquer forma de violência e assédio e estamos colaborando com a Polícia Civil para esclarecimento de todos os fatos", diz a administração do bar.

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