Descrição de chapéu chuva

Rio Grande do Sul sofre com 'bolha de calor' e estiagem, mas chuva traz alívio momentâneo

Medição do início da semana apontou 19 municípios gaúchos entre os 20 mais quentes do Brasil

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Porto Alegre

O imaginário popular que remete o Rio Grande do Sul e os países platinos ao frio poucas vezes esteve tão equivocado quanto em 2023.

Em razão de um bolha de calor (ou cúpula de calor) que se instalou sobre Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul nas últimas semanas, os gaúchos e seus vizinhos sul-americanos convivem com máximas em torno dos 40ºC e baixa umidade desde janeiro.

Em Porto Alegre, conforme dados da estação do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) no bairro Jardim Botânico, janeiro teve apenas cinco dias com mais de cinco milímetros de chuva e apenas dois acima de dez milímetros. Em fevereiro, o acumulado de chuva até a última segunda-feira (13) era de apenas 13,8 milímetros, com apenas dois dias de chuva.

Segundo o Inmet, Porto Alegre foi a capital brasileira mais quente do Brasil por dois dias nesta semana. No domingo (12), registrou 36,3ºC, mais do que Cuiabá (MT), com 35ºC, e Vitória (ES), com 33,8ºC. Na segunda, às 15h, registrou 37,2ºC, novamente superando Vitória, com 34,9ºC, e Teresina (PI), onde fez 34,7ºC.

Relógio marcando 40 graus com o sol iluminando copas de árvores.
Relógio próximo à Câmara de Vereadores de Porto Alegre marcou 40ºC por volta das 18h desta terça-feira (14) - Alex Rocha/PMPA

A temperatura ainda subiria na capital gaúcha depois disso, chegando a 38,8ºC às 17h, a mais alta do ano na cidade. Termômetros de rua chegaram a marcar 40ºC.

Na segunda-feira (13), das 20 maiores temperaturas registradas por estações do Inmet em um período de 24 horas, 19 eram de cidades do Rio Grande do Sul —sendo as recordistas Campo Bom (40,3ºC), no Vale do Sinos, Quaraí (40ºC) e Uruguaiana (40ºC), ambas na fronteira oeste do Rio Grande do Sul.

O dano causado pelo calor às lavouras fez com que Porto Alegre, na sexta-feira passada (10), se unisse a mais de 150 municípios gaúchos que desde janeiro decretaram situação de emergência, a fim de pleitear recursos em socorro a produtores rurais junto aos governos do estado e federal.

Conforme a prefeitura, os danos às lavouras já causaram prejuízos superiores a R$ 4 milhões a 120 famílias na zona rural da cidade.

Conforme o instituto Metsul Meteorologia, o Rio Grande do Sul e os países ao sul estão sofrendo com um fenômeno meteorológico que vem se repetindo nos últimos anos em verões no hemisfério Norte, as chamadas bolhas de calor (ou "heat domes", em inglês). Elas se formam quando uma área de alta pressão retém ar quente embaixo de si, agindo como se fosse uma tampa que impede o calor de sair de uma panela.

Em contato com um solo já ressacado em razão da estiagem, a atmosfera se aquece e a cúpula de ar quente impede que as frentes frias penetrem no local, prolongando o fenômeno por até semanas consecutivas. Preso sob essa redoma de ar quente, o solo, já seco, tampouco consegue se resfriar por evaporação, ficando ainda mais aquecido e tornando a temperatura ambiente ainda mais alta.

A boa notícia é de que a partir da tarde desta terça-feira (14), a bolha de calor enfim deve ser rompida por uma frente fria.

Após uma série de pancadas de chuva, as temperaturas no Rio Grande do Sul devem ficar mais amenas. Em Porto Alegre, por exemplo, após atingir máximas em torno dos 35ºC na tarde de terça-feira, a chuva deve fazer com que as máximas caiam e se mantenham em torno dos 25ºC até o final da semana.

De acordo com o serviço Climatempo, um ciclone extratropical na costa do sul brasileiro ajuda a manter ar frio sobre a região, baixando as temperaturas.

Apesar do alívio nos termômetros e nas lavouras gaúchas, os próximos dias podem ser de tempestade no estado e também em Santa Catarina e Paraná. Já está em vigor alerta do Inmet, válido até quarta-feira (15), para a possibilidade de chuva forte, vento e granizo em toda a região Sul.

Na quinta (16), outra frente fria chegará à região e intensificará as chuvas, com a maior parte acumulada no Paraná —cerca de 100 mm até domingo, segundo o Climatempo. As chuvas devem se concentrar na capital, Curitiba, e no litoral sudoeste do estado.

Apesar da frente fria, as temperaturas ainda devem ser elevadas na região durante a semana, diz Jeane Lima, meteorologista do Inmet. "A temperatura não será tão alta por causa da cobertura com as nuvens, mas não será uma queda brusca."

De acordo com o instituto, as temperaturas mais amenas da região devem ser registradas no fim de semana. Porto Alegre e Florianópolis terão máxima de 24ºC no sábado, enquanto a de Curitiba será de 17ºC no domingo (19).

O Climatempo alerta também para o mar agitado e a ocorrência de ressaca no fim de semana de Carnaval, com vento forte e ondas de três metros no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e de dois metros no Paraná.

Colaborou Lucas Lacerda, de São Paulo.

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