Suspeito de chacina após jogo de sinuca se entrega à polícia em MT

Edgar Oliveira ficou em silêncio durante depoimento; outro suspeito foi morto em confronto, segundo a polícia

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Cuiabá

Um dos autores da chacina que deixou sete mortos por conta de uma aposta de jogo sinuca em Sinop, em Mato Grosso, se entregou nesta quinta-feira (23), dois dias após o crime.

Edgar Ricardo de Oliveira, 30, se apresentou à polícia após negociação do seu advogado com o delegado Bráulio Junqueira, responsável pelas investigações. Ele comunicou na quarta-feira (22) que o cliente iria se entregar, fato que ocorreu na manhã desta quinta.

Câmeras de segurança do bar registraram o momento das execuções da chacina em Sinop, Mato Grosso - Reprodução

Durante o seu depoimento, Edgar, que tem registro de CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), permaneceu em silêncio por orientação da defesa. Porém, de acordo com o delegado, ele confessou o crime durante o trajeto para a delegacia, alegando que já tinha uma rixa com duas das sete vítimas da chacina.

"Extraoficialmente, ele confirmou a autoria do crime. E eu perguntei sobre a motivação do crime, ele disse que já tinha rusga, uma diferença com o Bruno e Getúlio", disse o delegado à Folha.

Junqueira disse ainda que Edgar não soube explicar o motivo de ter retornado ao bar, já que estaria indo para uma fazenda.

O outro suspeito de cometer o crime, Ezequias Souza Ribeiro, 27, foi morto nesta quarta-feira em confronto com o Bope (Batalhão de Operações Especiais).

A suspeita é de que o crime teria sido premeditado, já que os dois teriam procurado a vítima Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, 36, para jogar uma revanche em outro bar. A dupla havia perdido uma primeira aposta no dia anterior.

"Eles insistiram na revanche em um outro bar, porém, Getúlio não foi. Então, pela manhã, eles foram no bar e jogaram novamente para tentar reaver o dinheiro perdido do dia anterior No entanto, perderam mais uma vez, cerca de R$ 4.000. E à tarde eles retornaram ao bar já armados e atiraram contra todos os presentes. Duas pessoas sobreviveram por milagre, já que a munição acabou", relata Junqueira.

Edgar teve a prisão preventiva decretada por 30 dias. A previsão é que ele seja indiciado nos próximos dias.

O crime ocorreu na tarde da última terça-feira (21), quando as câmeras de segurança do Snooker Bar flagraram toda ação, que durou cerca de 15 segundos.

Enquanto Ezequias rendeu a todos com uma pistola e os levou para a parede, Edgar foi até a caminhonete buscar espingarda de calibre 12 e fez os disparos. Uma das sobreviventes é a mãe da menor Larissa Frazão de Almeida, filha de Getúlio. A menina foi baleada pelas costas quando tentava correr para fora do bar.

Edgar e Ezequias descarregaram as armas contra todos, inclusive em vítimas que já estavam caídas no chão. As imagens mostram que Edgar chegou a disparar contra a esposa de Getúlio, mas não a atingiu porque a arma estava descarregada.

Um outro jovem conseguiu escapar após se deitar no meio do mato, no terreno ao lado do bar, para onde correu.

Edgar possui um registro policial contra ele por ameaça no âmbito da violência doméstica em 2019. Mesmo assim conseguiu junto ao Exército seu registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).

Pelas redes sociais, ele ostentava armas e munições em vídeos da atividade, em um clube de tiro.

Já Ezequias possuía registros criminais pelos crimes de lesão corporal, ameaça, roubo e porte ilegal de arma de fogo. Depois de ser ferido em confronto com policiais do Bope, foi levado até o hospital da cidade onde foi confirmada a morte.

Logo após a chacina, a secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso criou uma força tarefa para localizar os assassinos. O governador Mauro Mendes (União) chegou a pedir mudanças na legislação para esse tipo de crime.

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), chegou a dizer que o crime seria o resultado da "irresponsável política armamentista" do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Mais 7 homicídios brutais. Mais um resultado trágico da irresponsável política armamentista que levou à proliferação de 'clubes de tiro', supostamente destinados a "pessoas de bem" (como alega a extrema-direita)", afirmou Flávio Dino.

Do total, seis vítimas são homens e uma é mulher, sendo ela a menina Larissa Frazão de Almeida, de 12 anos. Ela é filha de Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, de 36 anos.

Morreram ainda, Adriano Balbinote, 46; Orisberto Pereira Souza, 38; Josué Ramos Tenório, 48; Maciel Bruno de Andrade Costa, 35 e Elizeu Santos da Silva, 47

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