PF mira empresas de logística que enviaram 17 toneladas de cocaína para Europa

Investigação aponta para duas empresas que exportavam droga intermediada por fornecedor paraguaio

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Brasília

A Polícia Federal, em parceria com a Receita, cumpre 534 medidas judiciais na manhã desta quinta (30) para desarticular uma organização criminosa especializada na exportação de cocaína via portos da região Sul do país.

A ação foi batizada de Hinterland e tem como principais alvos duas empresas de logística portuária que operam no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina e um empresário paraguaio. Eles são suspeitos de enviar 17 toneladas de cocaína para a Europa nos últimos dois anos.

A operação teve apoio da Europol (Agência da União Europeia para Cooperação Policial) e da Senad/PY (Secretaria Nacional Antidrogas) e Fiscalía, do Paraguai.

Policial federal faz apreensão de dinheiro durante operação Hinterland contra tráfico internacional de drogas
Policial federal faz apreensão de dinheiro durante a operação Hinterland, contra o tráfico internacional de drogas - Divulgação

De acordo com a investigação, a cocaína produzida na Bolívia era fornecida por um empresário paraguaio, chegava ao Brasil entrando por Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, e seguia para a Europa por meio das empresas Ctil Logística e Intersul Terminais, que operam nos portos de Rio Grande (RS) e Itajaí (SC).

A Folha procurou as duas empresas, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Três pessoas ligadas às empresas são alvo de mandado de prisão, entre elas dois irmãos apontados pela PF como chefes no Brasil do esquema de logística para exportação da droga. O empresário paraguaio também foi preso.

Ao todo, 200 policiais federais e 12 servidores da Receita Federal cumprem 17 mandados de prisão preventiva e 37 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Amazonas e Rondônia, e em Assunção, no Paraguai.

A Justiça também autorizou o sequestro de 87 imóveis, 173 veículos e uma aeronave e o bloqueio de contas em nome de 147 pessoas.

Segundo a PF, as medidas podem alcançar R$ 3,8 bilhões, valor estimado das transações ilícitas praticadas pelo grupo especializado no tráfico internacional de drogas.

A investigação começou há dois anos, após a PF ser informada sobre uma apreensão de 316 quilos de cocaína na cidade de Hamburgo, na Alemanha.

A partir dessas informações, os investigadores mapearam a rota desde o fornecedor até os compradores na Europa.

Eles descobriram que, após entrar no Brasil, a cocaína seguia em caminhões até os portos da região Sul e eram armazenada nos próprios terminais portuários ou em empresas localizadas nos arredores.

"A droga era inserida em cargas regulares com a intervenção e coordenação da alta administração das empresas de logística, sem o conhecimento dos contratantes, proprietários das cargas lícitas (normalmente de insumos que poderiam mascarar a droga quando submetida aos controles alfandegários)", diz a PF.

Ao chegar aos portos europeus, os compradores furtavam os carregamentos e distribuíam para diversos países da região.

Das 17 toneladas enviadas nos últimos dois anos, 12 toneladas foram apreendidas ao longo da investigação. Para executar as apreensões e mapear toda a cadeia de exportação, a PF celebrou acordos de cooperação com Alemanha, Paraguai e França.

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