Descrição de chapéu Cracolândia drogas

Assaltantes invadem loja na cracolândia, roubam eletrônicos e escondem em bueiro

Comerciante calcula prejuízo de R$ 100 mil após grupo levar CPUs, monitores e teclados

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São Paulo

Uma loja de produtos eletrônicos foi invadida e roubada na manhã deste domingo (23) no bairro Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, próximo ao local onde está atualmente a concentração de usuários de drogas, conhecida como cracolândia.

Vídeos gravados pelo dono do estabelecimento, Marcelo Granja, 49, mostram o momento em que agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) encontram parte dos eletrônicos roubados dentro de um bueiro e debaixo de cobertores em meio aos dependentes químicos na rua Vitória, esquina com a rua dos Andradas, onde fica a loja.

GCM retira CPU roubada de dentro de bueiro na cracolândia
GCM retira CPU roubada de dentro de bueiro na cracolândia - Reprodução

De acordo com a secretaria de Segurança Pública, 33 CPUs, 13 monitores e dois teclados foram encontrados abandonados pelas ruas da região, e entregues de volta ao comerciante. Dois homens, de 28 e 36 anos, foram presos em flagrante.

Em nota, a GCM afirmou que agentes da Inspetoria de Operações Especiais (IOPE) avistaram um homem escondendo algo dentro de um bueiro durante patrulhamento pela região. Foram encontradas peças de computadores e R$ 1.600 em espécie com um homem durante abordagem. Antes, guardas-civis flagraram um monitor e uma CPU sendo descartados em uma calçada.

O lojista conta que a porta de ferro da loja foi arrombada por volta das 7h e "entre sete e dez pessoas entraram na loja e levaram tudo que viam pela frente". Ele calcula prejuízo de R$ 100 mil. Foram encontrados produtos eletrônicos roubados também dentro de um bar próximo ao fluxo de usuários.

Cerca de 20 dependentes químicos foram revistados na rua Vitória e liberados em seguida. O caso foi registrado como furto a estabelecimento comercial pelo 2º DP (Bom Retiro).

Dono da loja de eletrônicos na Santa Ifigênia desde 2017, o comerciante diz que a presença da cracolândia refletiu em queda de até 40% nas vendas no último ano, quando o fluxo saiu do entorno da praça Júlio Prestes, a cerca de 1,5 km dali, e se fixou nas ruas da Santa Ifigênia e Campos Elíseos.

"Esse problema já extrapolou os limites do centro de São Paulo. Tenho clientes do país todo que têm medo de vir aqui", diz o comerciante.

Segundo ele, o fluxo de usuários tem se aproximado dos quarteirões da Santa Ifigênia que concentram o comércio de eletrônicos no centro da cidade, algo que, até então, não ocorria. Ele relata momentos de tensão durante a movimentação diária da massa de usuários durante as ações de zeladoria. As ruas ficam ocupadas pelos usuários, o que afugenta os clientes, segundo ele. "Eu e mais 3.000 lojistas com tradição de vendas na região estamos reféns da falta de segurança."

A Secretaria da Segurança Pública informou que se reuniu com comerciantes da região para criar estratégias para reduzir os índices de violência na região. No período de uma semana, entre os dias 10 e 16 de abril, houve redução de 19% nos furtos e roubos em comparação com a semana anterior, quando houve aumento de 30% no efetivo de policiais, segundo a pasta.

Uma das apostas recentes da polícia na região é usar tornozeleiras eletrônicas para monitorar presos reincidentes na cracolândia. Segundo a secretaria, 34% dos presos por furtos e 57% dos presos por receptação acabam retornando nos dias seguintes à região.

No feriado de Páscoa, um grupo de usuários de drogas saqueou uma farmácia na avenida São João, na região central. Um mini-mercado e uma lanchonete de comida árabe também foram invadidos.

Segundo dados oficiais da secretaria de Segurança Pública, a região da cracolândia e a avenida Paulista lideram a alta de furtos no centro da cidade. Diante do aumento da violência, moradores da região central mudaram a rotina e relatam medo de sair de casa.

Reportagem da Folha mostrou que ao menos 23 estabelecimentos comerciais fecharam as portas nos últimos três meses na região da rua Santa Ifigênia e no bairro de Campos Elíseos, após a chegada da cracolândia.

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