Cães têm problemas de pele após frequentar cachorródromo em SP, relatam tutores

Areia colocada em espaço na praça Olavo Bilac é alvo de queixas; OUTRO LADO: prefeitura diz que fará vistoria no local

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São Paulo

O cachorródromo da praça Olavo Bilac, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, tem perdido frequentadores nos últimos meses. A área reservada para cães circularem sem coleira teve o chão de terra batida coberto por uma camada de areia em agosto passado, e segundo moradores, o contato com o material tem provocado problemas de pele nos animais, além de vômito, sangramento nasal e irritação nos olhos.

"Eu estava aqui passeando com meus cachorros quando depositaram essa areia na praça. Era de noite, e um dos responsáveis me disse que era resto de obra", diz a atriz Cristina Maluli, 41, que frequenta o espaço desde que mudou para o bairro, há dois anos e meio.

Procurada, a Subprefeitura Sé afirmou, em nota, que tomou conhecimento da situação apenas nesta quinta (25). "Uma equipe será encaminhada para vistoriar o local e tomar as providências necessárias", diz.

A atriz Cristina Maluli com os cães Tina Amora e Tomas Man; tutores se queixam de areia depositada no cachorródromo da praça Olavo Bilac, na zona oeste de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

Tutora dos cães Tina Amora e Tomas Man no cachorródromo, Maluli conta que é o macho é quem mais tem sofrido. "Ele rola no chão pra brincar e sempre se coça muito. Acaba perdendo pelo e fica cheio de feridas pelo corpo."

A nuvem de poeira levantada pela movimentação dos animais é avistada de longe por quem passa pela praça. "Quando eles correm parece que estamos numa pista de rali", disse o publicitário Lienio Medeiros, 47.

O incômodo também atinge seres humanos. "Minha companheira tem que vir de máscara para não passar mal, já que tem rinite", acrescentou Medeiros. Boca seca e irritação no nariz e nos olhos são sintomas comuns descritos pelos visitantes.

Com diversos frequentadores relatando os mesmos problemas, o estudante Luigi Russo, 24, que trabalha como passeador de cães no bairro, decidiu coletar uma amostra da areia e a encaminhou para análise.

"Além da areia, a amostra tinha cimento, cal e até vidro triturado", relatou. A mistura geralmente é utilizada como argamassa para revestimento em construções, e profissionais precisam usar EPI (equipamento de proteção individual) para manusear o material.

Russo faz parte de um grupo no WhatsApp com quase cem participantes, todos moradores de bairros próximos e que costumam levar seus bichos para a praça Olavo Bilac. Ele conta que a frequência dos passeios tem diminuído para muita gente e que alguns até deixaram de visitar o espaço.

"Uma cachorrinha que eu levo pra passear desenvolveu uma dermatite atópica por ficar em contato com esse material", disse.

Os moradores disseram que já entraram em contato com a prefeitura para reclamar do problema, mas nunca receberam retorno da gestão Ricardo Nunes (MDB).

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