Mato Grosso do Sul vai oferecer cirurgia estética para alunos vítimas de bullying na escola

Para cirurgião plástico, procedimento sozinho não resolve o problema e abordagem precisa ser multiprofissional

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Rio de Janeiro

Crianças e adolescentes que estudam na rede pública de Mato Grosso do Sul e foram vítimas de bullying poderão fazer cirurgias plásticas reparadoras, como otoplastia –para corrigir as chamadas "orelhas de abano".

O governo do estado lançou nesta segunda (8) um programa que usa recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) para pagar os procedimentos em hospitais municipais e privados.

Em 2022, Mato Grosso do Sul registrou 142 casos de violência escolar em função de alguma situação estética, segundo levantamento da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. Inicialmente poderão ser atendidas pelo programa as vítimas que registraram os boletins de ocorrência.

Imagem colorida mostra mão de cirurgião plástico segurando as orelhas de uma paciente durante o procedimento
Um cirurgião plástico realiza uma operação para corrigir as orelhas de uma paciente. - HENADZY/Stock Adobe

Também vão ser incluídas na lista 30 encaminhamentos para correção de estrabismo que hoje estão na lista de espera da área oftalmológica. A expectativa é que as primeiras intervenções ocorram ainda neste semestre.

O governo estadual disse que o objetivo da medida é garantir que esses alunos não desistam de estudar.

Para o presidente local da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), Cesar Benavides, o problema da criança ou do adolescente vítima de bullying não se restringe à questão estética.

"A maioria destas cirurgias tem caráter misto e não puramente estética. Todavia as indicações devem passar por rigorosa seleção incluindo avaliação psicológica. Tratar só o externo sem investigar o que acontece internamente não resolve, o bullying precisa ser combatido desde o lar. É preciso uma abordagem multiprofissional ", diz o cirurgião plástico.

Ele explica ainda que cada cirurgia tem uma idade mínima para ser realizada, e isso precisa ser respeitado. "Na capital [Campo Grande], o procedimento para orelha de abano pode ser programado para após os cinco anos. Já as intervenções em nariz e nas mamas podem ser feitas a partir de 16 anos em meninas e 17 anos nos meninos", afirma.

O governo diz que vai trabalhar em conjunto com as Secretarias municipais de Saúde tanto para identificar as vítimas quanto para viabilizar os procedimentos.

O secretário estadual de Saúde, Maurício Simões, pediu que os municípios se prepararem para receber os recursos. "O que garante uma cirurgia segura não é só a infraestrutura, mas também uma equipe técnica treinada para realizar os procedimentos".

A partir desta terça (9), cidades e hospitais de Mato Grosso do Sul podem se inscrever no programa.

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