Descrição de chapéu Rio de Janeiro - Estado

'Liguei o pisca-alerta, mas começaram a atirar', diz namorado de jovem morta em ação da PRF no Rio

Policial chegou a ser preso, mas foi solto no dia seguinte; ele foi afastado de suas funções na corporação

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Rio de Janeiro

Era para ser um sábado de comemoração, mas o empresário Alexandre Mello terminou a noite com a notícia da morte de sua namorada, Anne Caroline Nascimento Silva, baleada em uma ação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no Rio de Janeiro. A jovem de 23 anos foi atingida quando os dois voltavam para casa após terem saído para comemorar os sete anos juntos.

Os disparos que atingiram teriam sido feitos por um agente da PRF, na rodovia Washington Luiz. O policial pediu para o casal parar o carro, mas, segundo Alexandre, antes que o veículo conseguisse chegar ao encostamento da via o agente começou a atirar.

"Quando eu vi o giroflex da polícia ligado, liguei o pisca-alerta imediatamente para parar. Mas eles começaram a atirar. Não deu para contar na hora, mas foram muitos tiros. Eu estava freando, e ela falou que tinha sido baleada", disse Alexandre à Folha. "Quando eu saí do carro, falaram que a culpa era minha. Eles estavam desesperados, muito nervosos. Faltou só eles brigarem entre si."

Na imagem, Anne Caroline sorri ao lado do namorado, Alexandre Mello
Anne Caroline Nascimento Silva e Alexandre Mello comemoravam 7 anos juntos no dia que ela foi morta em ação da PRF, no Rio de Janeiro - Reprodução

O agente, identificado como Thiago da Silva, chegou a ser detido na noite de sábado (17), logo após o ocorrido, mas foi solto no dia seguinte. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial.

A Polícia Federal abriu uma investigação, e um procedimento interno também foi aberto pela PRF para investigar a conduta do agente. Em nota, a PRF lamentou o ocorrido e disse que o policial foi afastado preventivamente de suas funções.

A rodovia Washington Luiz é uma das principais vias que liga o Rio de Janeiro às demais cidades da região metropolitana. Os disparos foram feitos próximos à entrada para o Parque das Missões, bairro de Duque de Caxias onde Anne morava com Alexandre.

O casal estava pista em direção a Caxias. A via tem quatro faixas e um fluxo intenso de carros. Alexandre conta que por isso não pôde parar imediatamente o carro, então deu o sinal de que iria para o acostamento.

Anne, que era estudante de enfermagem, chegou a ser socorrida pelos agentes da PRF e levada para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada de domingo (18). Ela foi enterrada na tarde desta segunda (19).

'É MUITO DESPREPARO'

Alexandre não se conforma com e diz que a morte de sua mulher se deu pela falta de preparo dos policiais.

"Meus filhos iam com a gente. Agora imagina meus filhos sentados no banco de trás, que tragédia seria? A pergunta que eu faço é: se alguém não escutasse [a ordem de parada], eles atirariam também na pessoa? Não tem protocolo? É muito despreparo", disse.

Outra mulher foi ferida pelos disparos. Claudia Maria da Silva dos Santos estava no carro ao lado do veículo do casal quando foi atingida no peito. Uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que estava passando pelo local conseguiu socorrê-la e a levou para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Caxias.

Segundo a Secretaria de Saúde da cidade, o quadro de Claudia é estável e ela foi transferida para a enfermaria do hospital.

Em visita ao Rio nesta segunda, o ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou o caso e afirmou que, se for comprovado uso indevido da força, o policial será punido. "Eu não posso antecipar o que acontecerá em ambas as investigações, mas afirmo enfaticamente à sociedade que, configurado o uso errado da força, evidentemente as punições ocorrerão", afirmou o ministro.

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