Polícia prende donos de escola em SP investigados por maus-tratos a crianças

Advogada deixou o caso, e polícia não informou o nome de quem assumiu a defesa deles

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Polícia Civil prendeu, na tarde desta terça-feira (27), o casal proprietário de uma escola na zona sul paulistana. A Justiça decretou a prisão deles por suspeita de tortura, maus-tratos e submeter seus alunos a situação vexatória.

A detenção, segundo o delegado Fábio Daré, ocorreu após negociação entre policiais de sua equipe e a defesa do casal. Os donos da escola foram detidos no Cambuci.

Agora, eles devem cumprir prisão temporária de 30 dias. De acordo com o delegado, titular do 6° DP (Cambuci), eles não serão ouvidos nesta terça.

Fachada da escola na zona sul em que donos são suspeitos de tortura foi pichada
Pichação em escola na zona sul da São Paulo cujos donos são investigados - Paulo Eduardo Dias/Folhapress

O homem será encaminhado para uma delegacia com carceragem masculina. A mais provável é que ele seja conduzido para o 8° DP (Brás). Já a mulher deve permanecer no próprio 6° DP, que dispõe de carceragem voltada ao público feminino.

Em um primeiro momento, a advogada Fabiana Cayres disse que o casal negava veementemente as acusações. Nesta terça, ela disse à reportagem que deixou o caso por "motivo de foro íntimo". A polícia não informou quem assumiu a defesa dele.

O CASO

O delegado Daré afirma que soube no último dia 19 de um boletim de ocorrência contra os proprietários. Desde então, foram ouvidas duas funcionárias e 12 mães —de alunos com idade de 1 ano e 8 meses a 6 anos.

De acordo com a polícia, as mulheres que lidavam com os alunos afirmaram que discordavam das atitudes dos donos da escola e que não chegaram a receber salário.

Ainda segundo o delegado, há indícios de "violência psicológica" contra as crianças.

"Colocar uma criança de 1 ano e 8 meses dentro de um quarto escuro por horas. Colocar uma criança com incontinência urinária sentada num balde para urinar e defecar ali, para não sujar a escola. Colocar essa mesma criança num ralo para fazer as necessidades pessoais dela. Amarrar uma criança num pilar. Esses elementos me levaram a crer que houve tortura na escola", disse Daré na sexta.

"As oitivas delas foram muito concatenadas, uma bateu com a outra", acrescentou.

Em uma imagem a que a reportagem teve acesso, uma criança aparece amarrada a um poste com as mangas da própria blusa que vestia. A medida seria um castigo imposto por fazer xixi nas roupas.

Suspeita-se que apenas os donos do colégio agrediram as crianças, segundo o delegado. Não há indícios, de acordo com ele, da participação de professores.

Uma ex-funcionária, que trabalhou na escola em 2016, procurou a delegacia após a repercussão do caso e relatou ter presenciado situações de maus-tratos enquanto esteve na unidade.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.