Descrição de chapéu Obituário Roberto Vicente Frizzo (1945 - 2023)

Mortes: Pai do Mundial de 1951, lutou para provar feito do Palmeiras

Roberto Vicente Frizzo montou dossiê que entregou à Fifa sobre a Copa Rio; advogado e empresário, também escreveu livro de poesia

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São Paulo

Se o Palmeiras é ou não campeão do mundo, isso pode ser tema de discussão acalorada entre torcedores. Mas a estrela vermelha estampada acima do escudo na camisa do time desde 2017 era mais do que prova para Roberto Vicente Frizzo.

Chamado de o "pai do Mundial de 1951", o ex-dirigente pesquisou durante anos documentos para mostrar que a Copa Rio daquele início dos anos 1950, vencida pelo Palmeiras no Maracanã diante da italiana Juventus, foi considerada o primeiro campeonato do mundo interclubes.

Em 2014, Frizzo entregou à Fifa o dossiê montado por ele. Naquele ano, o então presidente da entidade, Joseph Blatter, reconheceu a conquista como Mundial em entrevista concedida na Suíça.

Roberto Frizzo (1945 - 2023), na época vice-presidente do Palmeiras, durante a apresentação do atacante Barcos
Roberto Frizzo (1945 - 2023), na época vice-presidente do Palmeiras, durante a apresentação do atacante Barcos - Julia Chequer - 7.fev.12/Folhapress

Nascido na Aclimação, região central de São Paulo, e descendente de italianos, Frizzo foi levado pelos tios a assistir aos jogos do então Palestra Itália (o clube mudou o nome para Palmeiras durante a Segunda Guerra Mundial).

Foi vice-presidente na chapa com Arnaldo Tirone, entre 2011 e 2013, período em que o time foi campeão da Copa do Brasil (mas também acabou rebaixado no Campeonato Brasileiro) —e "sem estádio", como costumava dizer, pois naquela época parte do velho Parque Antarctica foi abaixo para dar lugar à arena Allianz Parque de hoje.

Frizzo herdou do pai o Frevo, restaurante que atualmente tem três unidades na capital. Cozinheiro de mão cheia, até preparou o famoso lanche de Beirute do local em programa de culinária na televisão.

O advogado e empresário tinha outros gostos. Quando não ia ao Palmeiras com os filhos, os levava a feiras japonesas para ver carpas coloridas —chegou a ser criador do peixe em seu sítio em Atibaia (SP).

Em seu escritório, mantinha duas estantes repletas de porquinhos —mascote da torcida do Palmeiras— e de miniaturas de automóveis.

Seu carro era um Toyota Corolla com 22 anos de uso. Mas se nos dias de hoje não ostentava no trânsito paulistano, Frizzo já levou os filhos à escola em um Karmann-Guia vermelho, para desespero dos adolescentes que não queriam chamar a atenção.

Entre suas viagens, voou no supersônico Concorde e assistiu no estádio, com a mulher, à inesquecível cerimônia de encerramento da Olimpíada de Moscou, em 1980. A TV, inclusive, flagrou Eliana chorando no ombro do marido na arquibancada com a comovente lágrima do ursinho Misha, formado em um mosaico humano.

Curioso e inquieto, era fã da série de TV "The Big Bang Theory" e publicou um livro de poesias.

Costumava ajudar as pessoas, tanto que não era raro chegar em casa com prêmio de rifa que nem lembrava ter comprado. Era igualmente durão se precisasse, principalmente com jogador que fizesse corpo mole.

Morreu em 31 de julho, aos 78 anos. Deixou a mulher Eliana, os filhos Fabiana, Roberta, Bruno, além dos netos Filipo, Mateo e Luca. E como "pai do Mundial", uma estrela vermelha no uniforme verde e branco, cores da Itália.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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