Descrição de chapéu yanomami indígenas

PF e CGU miram desvios em contratos de recarga de oxigênio para saúde yanomami

Alvos teriam fraudado licitação promovida pelo distrito sanitário da terra indígena

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Brasília

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União realizaram na manhã desta quarta-feira (6) uma operação contra um esquema de fraude em licitação para recarga de oxigênio pelo DSEI-Y (Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami).

A ação foi batizada de Hipóxia. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva, todos em Boa Vista (RR), onde fica sediado o DSEI-Y.

Os DSEIs são estruturas que atuam no atendimento aos indígenas e são mantidos com recursos públicos federais. Os investigadores apuram os crimes de fraude ao caráter competitivo de processo licitatório, fraude em licitação ou contrato e associação criminosa.

Enfermeira cuida de indigena yanomami de 20 anos internado com malaria falciparum no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista
Enfermeira cuida de indigena yanomami de 20 anos internado com malaria falciparum no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista - Lalo de Almeida/ Folhapress

A investigação foi conduzida pela Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiro da PF em Roraima e começou após uma denúncia enviada ao MPF (Ministério Público Federal) sobre a suposta fraude no pregão eletrônico para contratação de serviços de recarga de oxigênio.

"A partir do pedido do MPF, a CGU realizou análise da licitação e constatou, dentre outras irregularidades, desqualificação indevida de licitante, ausência de separação de funções e superfaturamento devido à entrega em quantidade menor do produto", diz nota da CGU.

Os auditores estimam um prejuízo da ordem de R$ 964 mil.

O DSEI-Y, alvo da apuração, é um dos órgãos que atua no enfrentamento dos problemas na terra indígena yanomami e presta assistência de saúde aos 31.713 indígenas da reserva.

Segundo a CGU, as irregularidades na contratação "privaram diversos indígenas de terem acesso ao tratamento adequado, com consequências potencialmente fatais para os pacientes que sofrem de problemas respiratórios, violando o direito constitucional à saúde".

Contratos do DSEI-Y já foram alvo de outra operação, deflagrada em 30 de novembro 2022. Naquele caso, as suspeitas eram sobre a compra de medicamentos aos yanomamis.

Como mostrou a Folha, as supostas fraudes resultaram na retenção de medicamentos, o que deixou 10.193 crianças desassistidas.

Como um dos principais itens impactados foi o vermífugo, o resultado foi um "aumento de infecções e manifestações de formas graves da doença, com crianças expelindo vermes pela boca".

Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o MPF chegou a apontar problemas nos setores de saúde direcionados a indígenas. Em novembro de 2021, foi recomendada uma reestruturação no atendimento em saúde na terra yanomami.

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