Com ponto facultativo por causa da greve, ambulatório fecha e pega pacientes de surpresa

Paciente saiu do interior às 3h, mas não conseguiu marcar cirurgia que espera há dez anos; OUTRO LADO: Instituto diz que avisou em seu site

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São Paulo

O ambulatório do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, fechou as portas nesta terça-feira (28) em razão do ponto facultativo decretado no estado. Nada foi avisado, segundo os pacientes, em sua maioria idosos, que ficaram sem atendimento para consultas marcadas há meses.

Marta Clemente, 64, saiu de Mogi Guaçu, no interior paulista, às 3h. Precisou de pouco mais de duas para chegar à clínica. Sua consulta era às 7h. Estava ansiosa durante o percurso. Após dez anos, teria uma cirurgia no olho marcada –após atropelamento em 2013, perdeu parcialmente a visão.

"Estou frustrada, triste. Tanto tempo esperando por esse momento. E agora, o que vou fazer?, diz Marta.

Movimentação de passageiros durante a manhã na estação Itaquera do Metrô - Adriano Vizoni - 28.nov.2023/Folhapress

Em nota, o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público afirmou que as informações sobre o cancelamento dos serviços foram previamente divulgadas em seu site. A organização também diz estar remarcando todas as consultas afetadas.

Para Marta, uma funcionária da administração informou que deve ligar ainda nesta semana para remarcar o atendimento. A reportagem questionou a mesma trabalhadora sobre o tema, e a resposta foi diferente: a ligação deve ser realizada pelo paciente, declarou.

De carro ou van, pessoas não paravam de chegar ao ambulatório. Ao descobrirem a inatividade, as reações eram diversas. Alguns simplesmente iam embora, outros xingavam, gritavam, esbravejavam e criticavam o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Sonia Ferraz de Mello, 62, chegou às 9h30 ao hospital. Locomovia-se com dificuldade. Estava ali para retorno de acompanhamentos com nefrologista. Há anos, ela trata de uma doença degenerativa nos rins.

"Fiz uma bateria de exames para trazer hoje. Em uma semana, já não servem. É um descaso com todos nós", diz. Sonia mora em Pirituba, na zona norte da cidade, e utilizou um carro por aplicativo para ir ao ambulatório. Pagou R$ 87. Normalmente, pagaria em torno de R$ 45. A volta foi de ônibus. Partiu cambaleante, como chegara.

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