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São Paulo registra 12 mortes por drogas K e mais de mil casos suspeitos de intoxicação

Dados de 2023 apontam aumento em relação às 99 notificações do ano anterior

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São Paulo

Em 2023, a Prefeitura de São Paulo registrou 1.099 casos suspeitos de intoxicação por drogas K, incluindo 12 mortes. As substâncias, também chamadas de canabinoides sintéticos, são conhecidas por causar um efeito zumbi nos usuários e geram um grau elevado de dependência.

Entre os mortos estão 11 homens, de 16 a 37 anos e maioria negra, sendo 3 pardos, 5 pretos e 4 brancos. A morte de apenas uma mulher é investigada.

O número indica um aumento de quase 11 vezes em relação aos 99 casos de 2022. Os dados incluem notificações feitas por equipamentos de saúde públicos e privados da cidade.

Quadro aponta drogas identificadas por núcleo da perícia paulista
Quadro aponta drogas identificadas por núcleo da perícia paulista - Paulo Eduardo Dias/Folhapress

As informações são da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), órgão da Secretaria Municipal da Saúde.

Em nota, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirmou os casos suspeitos e os óbitos são de notificação compulsória e foram registrados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). O órgão afirmou que todas as notificações ainda estão sob investigação.

A quantidade de drogas K apreendida no ano passado também aumentou no estado de São Paulo. Em 2022, foram recolhidos 11,6 kg pela Polícia Civil por meio do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico). Já em 2023, o número subiu para 133,6 kg.

Reportagem da Folha publicada em novembro de 2023 já apontava o crescimento do uso da droga. Umas das principais dificuldades em combater o consumo está exatamente no fato de que não se sabe exatamente como essas drogas são feitas, já que elas em geral são criadas a partir de uma mistura de substâncias.

Análises realizadas pela Polícia Científica de São Paulo apontaram que as chamadas drogas K consumidas na capital paulista costumam conter ao menos um entre 19 tipos de substâncias entorpecentes, que são misturadas a chás, ervas e temperos —principalmente erva-doce e camomila.


ENTENDA AS DROGAS K

O que são?
É a forma popular como ficaram conhecidos os canabinoides sintéticos, criados para estudos farmacológicos que buscavam entender o sistema endocanabinoide e o próprio mecanismo de ação no cérebro do THC, princípio psicoativo da maconha. Pesquisadores e a indústria farmacêutica buscam análogos sintéticos ao THC desde 1960, principalmente, para desenvolver novos analgésicos.

Do que são feitas?
No formato mais consumido, é dissolvido em acetona ou etanol é borrifado em ervas para imitar o aspecto de folhas secas de maconha. Além disso, várias outras substâncias, como conservantes e drogas ansiolíticas e estimulantes, podem estar presentes.

Por que não se trata de 'maconha sintética'?
A maconha é derivada da planta Cannabis sativa que produz os fitocanabinoides, entre eles, o THC e o canabidiol (CBD). As drogas K são produzidas a partir de canabinoides sintéticos e atuam nos mesmos receptores que a substância psicoativa THC.

Quais os efeitos?
Usuários relatam estado de torpor imediato e muitos dizem "apagar" após o consumo. Os efeitos já observados no organismo são: psicose, paranoia, alucinação, alteração de humor com irritabilidade, agressividade, desorientação, ansiedade, ataques de pânico, tremores, espasmos musculares e convulsão, transpiração intensa, queimação nos olhos, perda de percepção de tempo, sedação, dor no peito, taquicardia, bradicardia, hipertensão, hiperventilação, dormência e formigamento, náuseas, vômitos, ressecamento da boca, entre outros. Muitos dos sintomas da intoxicação aguda tendem a desaparecer duas horas após o consumo da droga e pouco se sabe ainda sobre os sintomas mais persistentes.

A droga causa dependência?
Sim, as drogas K podem causar tolerância, sendo necessárias doses cada vez mais elevadas para obter o efeito psicoativo, e, com isso, há aumento de chances de desenvolvimento de dependência.

Fontes: biomédico Eric Barioni e Sociedade Brasileira de Toxicologia

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