Moradores continuam impedidos de voltar a prédio esvaziado na Praia Grande, em SP

Construtora conclui plano de obras nesta sexta (16) e aguarda autorização para iniciar trabalhos, após edifício apresentar problemas estruturais

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Santos

A construtora responsável pelo prédio esvaziado por problemas estruturais em Praia Grande, na Baixada Santista, entregou, nesta sexta-feira (16), planos de reparo e recuperação definitiva pedidos pela prefeitura. Os moradores, contudo, seguem sem ter uma solução para o problema.

"Os projetos solicitados foram entregues e aguarda-se autorização para início dos trabalhos", afirmou a Construtora e Incorporadora de Imóveis JR Ltda, em nota à reportagem.

Prédio em Praia Grande (SP) que precisou ser esvaziado após apresentar problemas na estrutura - Prefeitura de Praia Grande - 13.fev.24/Divulgação

"Muitas famílias já foram acomodadas na cidade. Para outras, que possuem animais de estimação, foi oferecido um auxílio financeiro, mediante reembolso de despesas habitacionais e alimentação", disse a empresa.

"Na prática, continuamos sem autorização para pegar nossas coisas", lamenta a aposentada Iracema Vieira da Silva, 71. Viúva, ela mora sozinha no 18º andar e, desde os três estrondos causados por danos em colunas na terça-feira (13), ficou alojada na casa de uma amiga. Nas últimas horas, foi acomodada pela construtora em um imóvel de temporada.

"O problema maior é que faço tratamento contra um câncer e meus remédios para a quimioterapia domiciliar ficaram para trás. Aliás, também estou sem os pedidos médicos de exames. Alguns, inclusive, eu faria neste sábado [17]. É situação de calamidade para mim", afirma.

"Está mantida a interdição total do condomínio", avisou, na noite desta sexta-feira, a Prefeitura da Praia Grande. Por nota, relatou que "equipes da Secretaria de Urbanismo e da Defesa Civil realizaram nova vistoria no edifício Giovannina Sarane Galavoti, localizado na avenida Jorge Hagge, número 80, no bairro Aviação. Um engenheiro acompanhou os trabalhos".

De acordo com a prefeitura, mais de 2.000 escoras metálicas estão sendo usadas de forma emergencial em uma ação que deve ser finalizada durante o fim de semana para reduzir a carga estrutural dos pilares que sofreram abalo. Testes no sistema de gás e no elevador não detectaram anomalias.

Paralelamente, a Secretaria de Urbanismo da Prefeitura de Praia Grande e a Defesa Civil iniciaram as análises do plano emergencial de escoramento, do projeto de recuperação definitiva das estruturas danificadas e do laudo de condição estrutural da obra.

São justamente esses os documentos protocolados pela construtora nesta sexta-feira.

"Vejo tudo com uma tristeza adicional porque o meu apartamento foi o primeiro que construtora vendeu, ainda em 2009. Tenho uma relação especial com esse prédio. E, agora, nem cartão e nem dinheiro eu posso voltar para pegar", disse Iracema Silva.

Moradores querem contratar engenheiro independente

Em meio à angústia pela indefinição também surgem informações desencontradas que deixam os moradores ainda mais preocupados.

Segundo um deles, que pede para não ter seu nome informado, um engenheiro químico teria ido até a obra nesta sexta-feira a pedido da Polícia Científica.

A presença causou estranheza porque esperava-se por mais um engenheiro civil.

Procurada, a Superintendência de Polícia Técnico-Científica disse que foi realizada visita técnica ao local "para vistoriar e realizar buscas de vestígios" e que "o perito criminal é uma atividade de curso superior, podendo servir de todas especialidades de formação do Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo para a realização de exame".

"Assim que finalizado o laudo, será encaminhado à autoridade policial solicitante. Detalhes da visita serão preservados visando manter a autonomia do trabalho policial", afirmou a superintendência.

Na dúvida, os moradores, se uniram para contratar um engenheiro civil sem vínculos com autoridades ou a construtora.

"Já temos três orçamentos. Vamos contar com um perito independente, pago pelo nosso condomínio, para acompanhar tudo de perto e dar sua própria conclusão", conta Pedro Oliveira, 40, também morador no 18º andar e que, no momento, está acomodado em imóvel bancado pela construtora.

Enquanto ele e a família esperam por um retorno ao lar o jeito é improvisar. "Minha filha foi para a escola parecendo a boneca Emília: com uma peça de roupa de cada cor porque está sem uniforme. Nunca imaginaríamos uma situação dessas."

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