Mulher que atacou judia em Arraial d'Ajuda diz que teve surto e se arrepende

Chilena está impedida de sair de Porto Seguro e de se aproximar da vítima ou frequentar sua loja

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São Paulo

A mulher que atacou uma comerciante judia de Arraial d’Ajuda, em Porto Seguro (Bahia), foi judicialmente proibida neste sábado (3) de se ausentar do município, sob pena de prisão preventiva em caso de descumprimento. Em entrevista ao Fantástico, a chilena Ana Maria Leiva Blanco se disse arrependida e que teve um surto.

A medida cautelar —ou seja, uma ação preventiva e provisória enquanto a investigação está em andamento—, assinada pelo juiz plantonista Armando Duarque Mesquita Junior, determina que Ana Maria, além de impedida de deixar aquela comarca, está proibida de se aproximar da comerciante ou frequentar sua loja. Ela deverá se apresentar bimestralmente à Justiça durante seis meses.

Mulher acusada de agredir comerciante judia em Arraial d'Ajuda (BA) - Reprodução

A Polícia Civil da Bahia abriu investigação para apurar a ação da mulher que, na última sexta (2), entrou na loja de Herta Breslauer e a xingou de "assassina de criança", além de quebrar mercadorias e ameaçá-la. "Eu vou te pegar, maldita sionista", disse a agressora. A ação foi gravada.

A vítima registrou um boletim de ocorrência na 2ª Delegacia Territorial de Arraial D'Ajuda no mesmo dia e gravou um vídeo em frente ao local, por meio do qual deu a sua versão sobre o ocorrido. "Ela entrou [na loja], me agrediu, me bateu. Destruiu minha loja. Simplesmente pelo fato de eu ser judia."

À polícia, segundo o Fantástico, Herta afirmou conhecer a agressora, que é amiga de infância de seu filho.

Segundo a lojista, desde o início do conflito entre Israel e Hamas, Ana Maria passou a postar mensagens contrárias ao primeiro, chamando-o de assassino, e de apoio ao segundo. Com isso, decidiu bloqueá-la nas redes sociais.

Na sexta (2), Ana Maria teria ido à loja para confrontá-la.

A Folha não conseguiu fazer contato com a investigada. Ela declarou à polícia ser apoiadora da causa palestina e que a agressão ocorreu depois de ser chamada de terrorista, de acordo com a reportagem da TV Globo.

Na entrevista ao Fantástico, disse estar arrependida.

"Eu me arrependo muito. Isso aqui não tem nada a ver com intolerância religiosa, tem a ver com uma coisa política. Ela pensa de um jeito eu penso de outro, e ela quer que eu pense do jeito dela", afirmou Ana Maria.

"Se alguma pessoa do povo judeu se sentiu ofendida com as minhas palavras, eu peço desculpa."

Ainda segunda a reportagem, ela afirmou que faz uso de remédio controlado e teve um surto ao entrar na loja de Herta.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia afirmou que um inquérito policial foi instaurado. A proprietária da loja, segundo a pasta, foi "agredida por outra mulher, que desferiu ofensas por conta da religião da vítima".

Ana Maria deve responder por dano qualificado, lesão corporal e injúria racial.

A advogada da vítima, Lilia Frankenthal, diz que a comerciante foi agredida com um tapa no rosto. Ela conta que Herta voltou à delegacia neste sábado (3) para prestar depoimento e fez exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico-Legal).

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) e a Sociedade Israelita da Bahia emitiram uma nota de repúdio.

"Uma agressão covarde, antissemita, que deve ser investigada como crime de ódio e seguir o seu devido processo legal. A Conib vem pedindo moderação e equilíbrio às nossas lideranças para não importarmos o trágico conflito em curso no Oriente Médio", afirmam as entidades.

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