Descrição de chapéu São Paulo

Curitiba é a capital mais igualitária do país, e Porto Velho, a mais desigual

Dados fazem parte de levantamento Instituto Cidades Sustentáveis, que aponta desafios de infraestrutura para São Paulo

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São Paulo

Curitiba, com 1,73 milhão de habitantes, é a capital menos desigual no país. Considerando indicadores como educação, renda, pobreza, trabalho e ações climáticas, entre outros, a cidade consegue oferecer resultados acima da média de outras 25. Na outra ponta, Porto Velho (RO) tem os piores indicadores, com 23 deles abaixo da média de seus pares.

Já as três capitais mais populosas do país (fora Brasília, não considerada pela pesquisa) —São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza— estão posicionadas, respectivamente, no quinto, no 11º e no 20º lugar. As informações são do Mapa da Desigualdade entre as Capitais, divulgado pelo Instituto Cidades Sustentáveis nesta terça-feira (26).

A publicação reúne 40 indicadores de diferentes bases e levantamentos, como o Censo, as diferentes Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua e o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis).

foto mostra um ônibus trafegando por corredor e um deles parado em estação
Curitiba lidera ranking de instituto como capital menos desigual do Brasil - Luiz Costa - 24.set.2018/Prefeitura de Curitiba

Agrupados de acordo com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas). Os dados usados também são de diferentes anos, de acordo com a atualização mais recente entre eles durante a elaboração do estudo.

O ranking mostra que mesmo Curitiba, a capital menos desigual do país, ainda precisa enfrentar desafios como a desnutrição infantil, indicador em que ocupa a 21ª posição, ou a parcela de famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único para programas sociais (24ª).

A cidade também está abaixo da média no ranking em indicadores como taxa de áreas florestadas e naturais, de violência contra a população LGBTQIA+ e de suicídio.

A gestão Rafael Greca (PSD) cita, além da alimentação na rede escolar, o atendimento a famílias em situação de vulnerabilidade com cestas básicas e a distribuição de 2.411 vouchers por mês para compras, e alimentos mais baratos ou a preços fixos em armazéns e sacolões da prefeitura.

Também promove, segundo a prefeitura, campanhas de conscientização e programas de inclusão de cultura e trabalho para o público LGBTQIA+.

Para Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis e colunista da Folha, o mapa serve como uma provocação para as administrações. "Executivos e Legislativos estão muitas vezes voltados a emergências e urgências, e não conseguem olhar um panorama geral para ver o que ainda precisa ser enfrentado", diz ele.

"Desnutrição infantil é uma questão de definir orçamento. Já a violência contra a população LGBTQIA+ tem um caráter cultural, exige campanhas."

A violência relacionada à sexualidade também é um problema em São Paulo. A cidade mais populosa do país, com 11,4 milhões de habitantes tem a segunda taxa mais alta de violência contra a população LGBTQIA+, com 8,3 casos a cada 100 mil habitantes.

A capital paulista é a 25ª colocada em investimento público em infraestrutura por habitante, segundo dados de 2021 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com R$ 13,18. Em relação à cobertura vacinal, está em 20º lugar.

De acordo com a gestão Ricardo Nunes (MDB), a prefeitura atua para reduzir desigualdades e enfrentar violência contra minorias na pasta municipal de direitos humanos.

Segundo a prefeitura paulistana, a cidade oferece mais de 25 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua e 220,3 mil em serviços de convivência para pessoas em vulnerabilidade social. Ainda, tem programas de capacitação e formação profissionalizante para jovens e adultos, que envolvem as secretarias de Assistência e Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e Cidadania.

Também cita programas de moradia, e diz que deve entregar e contratar, até o fim do ano, mais de 100 mil unidades habitacionais.

Na última posição do ranking, Porto Velho (com 460 mil habitantes), tem os piores indicadores para feminicídio, população atendida com esgotamento sanitário, recuperação de resíduos sólidos e emissão de CO² per capita.

A gestão Hildon Chaves (União Brasil) afirmou que tem um edital em elaboração para licitar o serviço de saneamento básico. O objetivo é lançar a concorrência ainda neste ano. Em relação aos resíduos sólidos, a prefeitura construiu um aterro em novembro de 2023, e diz que incentiva a coleta seletiva por meio de ecopontos.

Sobre feminicídios, a prefeitura afirma que conta com programas de prevenção da violência contra a mulher e acolhimento.

Mas a capital de Rondônia, por outro lado, está em 10º lugar na lista de PIB (Produto Interno Bruno) per capita, segundo dados de 2020 do IBGE. A capital que lidera no indicador é Vitória (ES), e a última colocada é Salvador (BA).

A cidade também é a melhor posicionada no ranking no quesito de taxa de áreas florestadas e naturais. Está na 13ª posição, mas ainda na primeira metade de lista em relação à taxa de homicídios, segundo dados do DataSUS de 2021, sistema do Ministério da Saúde, com 36,07 casos por 100 mil habitantes, embora o valor ainda seja considerado alto.

A maior taxa foi registrada naquele ano em Macapá (AP), com 62,41 casos por 100 mil habitantes, e a menor, em São Paulo.

A responsabilidade por políticas de segurança pública está mais ligada às esferas estaduais, das quais fazem parte as polícias Civil e Militar, e à federal, que tem um papel de financiamento e integração. Mas as cidades precisam, segundo o instituto, avançar na cooperação.

"O conhecimento para enfrentar isso está dado, temos experiências positivas nas cidades brasileiras. Muitas vezes não é investimento elevado, mas direcionamento de política", afirma Abrahão.

Um indicador que exige políticas integradas (saúde, educação, assistência social), por exemplo, é o de idade média ao morrer, segundo o coordenador do instituto. Ele cita que a diferença entre bairros de São Paulo chega a 20 anos.

O problema está ligado à falta de serviços, mas também à gravidez adolescência e à violência que atinge principalmente jovens negros, entre outras questões. "Costumamos dizer à prefeitura [de São Paulo] que a maior obra que se pode fazer é tentar melhorar esse indicador durante uma gestão."

No país, segundo o mapa, os extremos estão em Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS), com 72 anos, e Boa Vista (RR), com 57, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade, do DataSUS de 2022.

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