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Após invasões de duas casas vazias no Pacaembu, vizinhos se mobilizam para evitar novos casos

Imóveis estavam desabitados e foram arrombados há cerca de uma semana; Polícia Civil registrou cinco ocorrências ao todo na região desde o início do ano

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São Paulo

Duas casas vizinhas, uma em frente à outra, no bairro do Pacaembu, no centro de São Paulo, foram invadidas na semana passada, o que mobilizou os moradores a monitorar outros endereços desabitados para evitar novos casos.

Segundo a Polícia Civil, há registro de ao menos cinco casos este ano na região. Os agentes investigam se eles estão relacionados.

Casa invadida no Pacaembu, zona central de São Paulo
Casa invadida no Pacaembu, zona central de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Os dois endereços estavam desabitados. Em um deles, os proprietários foram avisados pelos vizinhos e conseguiram tirar os invasores com ajuda da Polícia Militar, no último domingo (21). A outra casa segue ocupada por cerca de 30 pessoas. Nesse caso, os donos tomaram conhecimento do fato apenas no dia seguinte.

As invasões ocorreram em um espaço de cinco dias entre elas e, segundo moradores, se trata de uma ação organizada, já que as mesmas pessoas foram flagradas por câmeras de segurança nas duas invasões. Apesar de ter registrado cinco ocorrências semelhantes desde o início do ano, a Polícia Civil afirmou em nota que as vítimas ainda não prestaram queixas.

Os casos mobilizaram os moradores para evitar que outros imóveis vazios sejam alvos de novas invasões. Conhecido pelos casarões, o Pacaembu acumulou uma série de endereços com placas de aluga-se ou vende-se nos últimos anos. Preferência por apartamentos e parcelas altas de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) estão entre as causas apontadas por moradores para a crescente desocupação do bairro tombado desde 1991.

A advogada e moradora Quil Dulci coordena há cerca de dois anos uma rede entre os vizinhos do Pacaembu, formada por grupos de mensagens, câmeras de vigilância nas ruas e segurança privada. "Essas são as primeiras invasões consumadas, mas tivemos tentativas anteriores e conseguimos impedir com essas ações coordenadas", diz. Segundo ela, a comunicação rápida entre os moradores ajudou a reverter a invasão de uma das casas.

Imagens de câmeras de segurança mostram homens carregando geladeiras e outros eletrodomésticos para dentro de um dos endereços. Outras sequências flagraram pessoas chegando em carros para ocupar o imóvel e um caminhão que descarregou móveis. Ligações clandestinas na rede de água e nos postes de iluminação também foram feitas, segundo moradores.

O advogado que representa os proprietários do imóvel que segue ocupado aguarda decisão da Justiça sobre o pedido de liminar de reintegração de posse. Em despacho nesta quarta-feira (24), foi determinada a presença de um oficial de justiça para identificar as pessoas, assim como informar quantas famílias, crianças, adolescentes, pessoas idosas ou com deficiência.

A Defensoria e o Ministério Público também foram intimados "ante os indícios de que o conflito envolve pessoas em situação de hipossuficiência econômica", segundo a decisão. O advogado de defesa irá recorrer da decisão.

Vizinhos reclamam de excesso de barulho e perturbação do sossego após a invasão. Houve insultos e ameaças, de acordo com uma das proprietárias.

Diferente dos movimentos por moradia, os grupos que invadiram as casas no Pacaembu não apresentam uma articulação política. "Existem alguns grupos que agem na região central e não têm essa visão de movimento organizado", diz Osmar Silva Borges, coordenador da FLM (Frente de Luta por Moradia), movimento que atua na região central da cidade desde 2003. "São pessoas que não têm compromisso com a luta por moradia", continua.

O movimento social ocupou um prédio abandonado há mais de 30 anos em Perdizes, na semana passada. Segundo moradores, cerca de 20 pessoas entraram no imóvel com colchões, tapumes e ferramentas.

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