Descrição de chapéu Obituário Olivia Pinheiro Santana (1942 - 2024)

Mortes: Flamenguista e fã de Roberto Carlos, dormiu em um show do rei

Olivia Santana conservou o espírito jovem com o samba e a torcida pelo time do coração

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São Paulo

Entre as histórias que Olivia gostava de contar para filhos, netos e quem mais quisesse ouvir durante um cafezinho, duas das favoritas envolviam o cantor Roberto Carlos. Uma delas foi um encontro no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, quando trabalhava como faxineira.

Quando viu o cantor, não pensou duas vezes. Correu para abraçá-lo, e o rei correspondeu com toda a simpatia. O segundo encontro, no entanto, foi diferente. Havia ganhado de presente de uma das filhas um ingresso para ver um show no Rio de Janeiro, com direito a roupa e sapatos novos.

Mas a neta Clarissa Amorim, 30, na época uma criança, pregou uma peça. "Sumi com um dos pés do sapato dela." Instaurou-se uma rápida operação entre as filhas da fã do rei para encontrar outro par e fazê-la chegar a tempo do concerto.

olivia é idosa, tem cabelos pretos curtos, sorri para foto, usa camisa do Flamengo, time de futebol
Olivia Pinheiro Santana (1942 - 2024) - Arquivo pessoal

Acharam um sapato e com o problema contornado, Olivia chegou acompanhada de uma das filhas ao show, entusiasmada para ver o rei. E ela, que sempre sonhou com aquele momento, caiu no sono. Foi acordada pela amiga de uma das filhas a tempo de assistir ao fim da apresentação.

Olivia Pinheiro Santana nasceu em 1942 em Ipiaú, no interior da Bahia, e brincava com as outras crianças de surrupiar frutas do pomar vizinho. Conservou o espírito jovem dançando, ouvindo Zeca Pagodinho e tomando cerveja por toda a vida.

Antes dos 20 anos já estava casada com Lourival, seu primeiro marido. Moraram em diferentes partes do país, saindo do interior da Bahia e indo para Brasília, e depois para o Rio de Janeiro, enquanto nasciam os filhos. Olivia teve 12 no total, mas perdeu cinco.

Como a vida e o marido eram imprevisíveis, resolveu se separar e foi criar os filhos em São João de Meriti, no Rio de Janeiro. Em 1975, casou-se com José Batista dos Santos, o Valdez, que adotou e foi adotado pela família, tornando-se patriarca de sete filhos "oficiais" e outros quatro agregados.

Daí vieram netos e bisnetos. Assim, qualquer cafezinho ou reunião familiar virava um evento de grande porte. "Os últimos aniversários dela costumavam ter quase cem pessoas, tudo parente", afirma Clarissa.

Além de passar o tempo fazendo caça-palavras, Olivia era flamenguista apaixonada e acompanhava todas as partidas pela televisão. Seu gosto por futebol sobrava até para outros times. "Podia ser segunda divisão ou série D. Se o jogo fosse transmitido, ela estava assistindo", diz a neta.

No fim de 2022, ela descobriu um melanoma avançado a partir de uma pinta na cabeça. Mesmo mais quieta, não abandonava o hábito de tomar o cafezinho e conversar. Morreu em 30 março, aos 81 anos. Deixa os filhos, 20 netos e 14 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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