Descrição de chapéu Obituário Pedro Pinto da Silva (1950 - 2024)

Mortes: Mineiro de jeito simples, tocou a vida com serenidade

Só o Atlético Mineiro foi capaz de perturbar a paz de Pedro da Silva

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São Paulo

Dizer que alguém é um típico mineiro pode soar vago, tamanha é a gama de qualidades. No caso de Pedro Pinto da Silva, a expressão valia para o jeito modesto e o comportamento, que mudava entre desconhecidos e com amigos e familiares.

É o que diz o filho, Carlos Alexandre Silva, 44. "Era quietinho, bem na dele. Mas no primeiro contato já virava um amigo de longa data."

Pedro era a alegria de festas e encontros. Suas marcas registradas, segundo a filha Sheila Maria Silva, 47, eram a simplicidade e o humor.

Um humor nem sempre compreendido para outros além do filho Carlos. A dupla passava horas vendo o programa Chaves na televisão ou rindo de vídeos compartilhados. "Quem nos visse poderia não achar graça alguma, mas era um momento nosso."

pedro (à direita) posa e sorri com o filho para a foto
Pedro Pinto da Silva (1950 - 2024), à direita, com o filho Carlos Alexandre da Silva, 44 - Arquivo pessoal

Conhecido pela modéstia, Pedro nasceu numa cidade também simples. Em 1950, Marilac, que hoje tem 4.224 habitantes, ainda era o povoado chamado de Assa-Peixe, por causa da grande quantidade da planta. Só se tornaria mais um dos municípios do Vale do Rio Doce em 1962, ano da emancipação.

Conheceu a mulher, Maria Terezinha da Silva, 71, durante a juventude em Marilac. Mudaram-se para Ipatinga, a 160 km. Foi nessa cidade que Pedro começou a trabalhar em uma das unidades da Usiminas, onde desempenhou a função de inspetor mecânico até a aposentadoria.

Católico, também se dedicava a ajudar no trabalho da igreja em Ipatinga, servindo café. "Fazia outras coisas, sempre se doava muito, não importava qual fosse a função", diz Carlos.

Com os três filhos chegando à fase de vestibulares, a família se mudou para Belo Horizonte. Junto com Terezinha, Pedro não parava. Sempre acompanhavam os filhos na rotina de estudos, inclusive nas viagens para as provas.

Mas uma coisa perturbava a serenidade do marilaquense: o Atlético-MG. Torcedor do tipo supersticioso, frequentemente não aguentava o nervosismo e deixava de assistir aos jogos na metade. Em caso de derrota, a missão inglória de comunicar o resultado sobrava para Carlos.

Anos mais tarde vieram os dois netos, filhos de Carlos, João Pedro, 8, e Miguel, 3, e ele virou avô coruja. Morando em Belo Horizonte, sempre estava presente em Sabará, a meia hora de carro, onde o filho mora. Ajudava na criação, fazia e recebia as visitas e sempre estava atrás de alguma coisa para consertar.

Durante a fase mais grave da pandemia de coronavírus, Carlos se mudou com mulher e filhos para Belo Horizonte, aproximando os netos do avô, alegre por participar da rotina.

No último ano, Pedro sofria com as complicações de uma parada cardíaca seguida de um AVC (acidente vascular cerebral). Ele morreu em 19 de março, aos 73 anos. Deixa a mulher, Terezinha, os filhos Fernanda da Silva, 49, Sheila e Carlos, e os netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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